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A inflação e os tomates: A derrota dos porta-vozes da mídia golpista

12 de janeiro de 2014
Ana_Maria_Braga04_M_Leitao

Urubólogas: A “comentarista econômica” Miriam Leitão errou feio nas previsões sobre o ano que passou. Ana Maria Braga perdeu uma grande chance de ficar com a boca fechada.

Altamiro Borges em seu blog

Desconsertada e sem qualquer autocrítica, a mídia rentista divulgou na sexta-feira, dia 10, que a inflação brasileira ficou “dentro da meta” no ano passado. Durante vários meses, quase todos os dias, a imprensa alardeou que os preços dos produtos e serviços iriam explodir e que o Brasil não tinha como escapar do colapso econômico.

Num dos momentos mais patéticos desta campanha terrorista, a apresentadora Ana Maria Braga, da TV Globo, usou um ridículo colar de tomates para criticar a “explosão inflacionária”.

Agora, o IBGE registra que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do país, fechou em 5,91% em 2013 – abaixo do draconiano teto da meta do governo, que é de 6,5% ao ano.

Em entrevista à Agência Brasil, o ministro interino da Fazenda, Dyogo Henrique, festejou o resultado e afirmou que o índice “não surpreendeu o governo”. Ele também explicou a pequena alta da inflação no último mês do ano passado.

“Já esperávamos que dezembro tivesse um índice um pouco mais alto por conta do aumento do preço da gasolina e também do período de férias, quando as passagens aéreas contribuíram para que o índice viesse um pouco mais alto”.

Os jornalões on-line, porém, preferiram dar manchete para os preços de dezembro, em vez de destacar o cumprimento da meta inflacionária. Isto confirma que a “guerra psicológica” prosseguirá neste ano.

O terrorismo da mídia rentista tem dois objetivos básicos.

O primeiro é político. Os urubólogos de plantão e os tais “especialistas de mercado” – nome fictício dos banqueiros – tentam criar um clima de pânico na sociedade para desgastar a presidenta Dilma Rousseff e alavancar as frágeis lideranças da velha e da nova oposição. Daí as manchetes pessimistas, como a da Folha, de que a inflação “pode elevar o desemprego” e reduzir os salários.

O segundo intento é econômico. Boa parte da mídia nativa é ligada ao capital financeiro, muitos veículos inclusive estão endividados nos bancos. A gritaria sobre a explosão inflacionária visa elevar os juros para manter os altos rendimentos dos rentistas, dos agiotas financeiros.

Neste esforço para manipular a sociedade, com objetivos políticos e econômicos, a mídia distorce números e faz terrorismo. A comparação com a inflação nos governos anteriores confirma esta distorção.

Como reconhece o repórter Sílvio Guedes Crespo, do UOL, “embora a presidente Dilma seja duramente acusada de leniência com a inflação, o ritmo de aumento de preços durante seu governo é próximo ao do período Luiz Inácio Lula da Silva e inferior ao da gestão Fernando Henrique Cardoso. A inflação foi de 6,5% em 2011, 5,84% em 2012 e5,91% em 2013, o que dá uma média anual de 6,1%. Na era Lula (2003-2010), os preços subiram 5,8% ao ano. Já na gestão FHC (1995-2002), o aumento médio foi de 9,1%”.

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29 de dezembro de 2013

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Fernando Brito, via Tijolaço

Passamos dois terços do ano ouvindo que a inflação “estava descontrolada” e que o Brasil vivia, nas palavras de Marina Silva, o risco de “perder as conquistas do Plano Real. Aécio Neves dizia que isso fazia o Brasil chorar copiosamente de saudades de vovô FH…

Pois bem: hoje fechou-se o primeiro índice de inflação anual de 2013, o IGP-M da Fundação Getulio Vargas, cuja coleta de preços encerra-se sempre por volta do dia 20.

Ele subiu 5,51%. Talvez você não se recorde, mas em 2012 o índice elevou-se 7,82%, uma queda relativa de 30%.

Agora, imagine se fosse o inverso: se os 5,51 passasse a 7,82%…

Nas manchetes: Inflação cresce 50% em um ano, diz FGV

Tudo devidamente acompanhado das caricaturas de dragões, monstros e quejandos…

Tem aí o amigo e a amiga como se faz, no jornalismo econômico o terrorismo político que a gente vem sempre apontando aqui e que levou o ex-presidente Lula a dizer que, depois que lê o jornal, nem tem vontade de sair de casa.

Não se quer dizer, é obvio, que não exista inflação e que ela não seja algo sério. É, sobretudo porque está concentrada em áreas extremamente sensíveis ao nosso povão, como os alimentos.

Mas nem mesmo aí há uma “explosão inflacionária”, como tanto tempo se alardeou.

O terrorismo não conseguiu trazer de volta a inflação, mas “ordenhou” fartamente essa monstruosidade, extraindo dela o “leitinho” dos juros.

É aí, não no tomate, que está o núcleo da inflação brasileira: nossa condição de reféns do rentismo. Que não ganha eleição, mas que está sempre no poder, quando se trata de finanças públicas.

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A república dos tomates

8 de maio de 2013

Epoca06_TomateRodolpho Motta Lima, via Direto da Redação

Nada mais perverso na política do que a colocação de particulares interesses partidários acima daqueles que convêm à nação como um todo. Isso acontece em quase todos os lugares do mundo e revela o grau de comprometimento social de cada segmento que atua politicamente. A direita, por ser elitista por natureza, tem essa postura em seu DNA, mas a esquerda também dá suas escorregadelas. De qualquer forma, esse comportamento é, seguramente, um desserviço à cidadania.

Nos últimos tempos, temos assistido a uma parafernália de artigos, manchetes, colunas e pronunciamentos que dão conta de que o País estaria em vias de entrar em um perigoso e significativo processo inflacionário. Compara-se, desonestamente, a situação presente a uma realidade de muitos anos atrás, semeando a ideia de uma inflação descontrolada que estaria em vias de mergulhar o País no desastre.

Enxergando na volta da inflação um provável enfraquecimento do governo, a chegada desse espectro é saudada com indisfarçável júbilo pelos opositores e, é claro, amplificada pela mídia que os representa acintosamente. Ou seja: importa muito menos a estabilidade da economia, a satisfação das pessoas, a tranquilidade social, e muito mais a derrubada do governo.

Se alguém quiser argumentar que é assim mesmo e, que, às vezes, determinados fins justificam meios menos honestos de “persuasão”, a aceitação dessa premissa nos dará o direito de acreditar que se podem, então, fabricar fatos, provocar desconfianças, manipular dados… E, por que não comprar votos de parlamentares corruptos para permitir a votação de medidas de alcance social? Adicionalmente, nos conferirá a obrigação de tentar enxergar, nas entrelinhas, os propósitos escondidos de cada informação.

O caso do tomate é emblemático. Colocou-se em destaque a elevação de preços do produto como símbolo de um processo inflacionário em curso, deixando de lado as razões sazonais específicas que geraram essa situação. Sei que tucanos, corvos e urubus comem tomate. Deve ser por isso que o tomate virou um ícone da oposição. Pouquíssimos esclarecimentos sobre as causas da elevação de seu preço, muitíssimas reportagens e fotos nos mercados e feiras a mostrar valores estratosféricos a que chegou um quilo do vilão vermelho. Mas, como era uma falácia, não resistiu. E o tomate, depois dos 15 minutos de fama, vai sumindo do noticiário…

Essa turma – que acredita fielmente na lei da oferta e da procura, um dos fundamentos pérfidos do capitalismo – não usou seu poder de comunicação para, por exemplo, conclamar as pessoas a não comprarem o tomate e a, pelo menos temporariamente, substituírem-no na mesa, o que, certamente, não constituiria nenhuma catástrofe.

Da mídia da oposição não se espera outra coisa. Dos partidos de oposição, essa atitude é vista como normal. Que se dane o País, que “se exploda” a Nação, o que importa é o poder: “Nós é que queremos administrar o preço do tomate…”

A surpresa, se é que existe isso na política, vem dos segmentos que se dizem aliados governamentais, que cresceram nos últimos anos muito mais porque foram apoiados pelo governo federal do que por terem apoiado Lula e Dilma, e que, agora, mordidos pela mosca azul do poder, vislumbram a oportunidade – ou será o oportunismo? – de sair do barco, antes ajudando a provocar as ondas de instabilidade.

Sobre a estratégia do Governador de Pernambuco, por exemplo, e do grupo que alicerça sua candidatura ao Planalto, fala-se claramente na expectativa – ou será melhor dizer, na torcida – por uma deterioração econômica que, provocando insatisfação, leve à derrocada do poder e das atuais políticas. Ele pretende, pelo visto, repetir o caminho de Marina Silva – agora tentando pegar na Rede todos os peixes possíveis, os de direita e os de esquerda. Não ouso dizer que se trate de candidaturas direitistas, mas, políticos experientes que são, é óbvio que os dois devem estar percebendo – e gostando – do assanhamento com que a mídia demotucana nacional vem tratando as suas supostas candidaturas. Nenhum dos dois repudia esse “apoio”, nenhum dos dois denuncia os tucanos como opositores, os dois flertam com a direita em nome de um projeto de poder. Nesse quesito, não se diferenciam em nada de nenhuma das alianças que parecem criticar no âmbito do governo federal.

Não é a hora, ainda, de compararmos as candidaturas que já se apresentam, inclusive a da própria presidenta. A rigor, não era a hora nem de se apresentarem candidaturas. Mas o que os brasileiros devem fazer é ficar bem atentos à distinção entre aqueles que estão empenhados em dar continuidade às ações sociais que mudaram a cara do país e aqueles que pretendem vender a ideia do caos e/ou vê-lo instaurado entre nós, obcecados que estão em destruir o que foi feito – e que eu ainda acho muito pouco –, em troca da conquista do poder, mesmo que à custa de escancaradas traições…

É esperar para ver como o processo todo se vai desenrolar. Há umas fumaças de golpe no ar, só não as enxerga quem não quer… Não um golpe militar, escancarado, mas subliminar, fruto do conluio de membros do Legislativo e do Judiciário, sempre com as trombetas da mídia hegemônica. Eu acho que já está mais do que na hora de rever-se essa postura política que coloca a governabilidade como dependente de alianças sem compromisso ideológico.

A verdadeira garantia de governabilidade é a do povo nas ruas, exigindo a manutenção de suas conquistas. E os tomates? Ora, esses podem continuar a ser administrados pelos “tomatófilos” de plantão.

Rodolpho Motta Lima é advogado formado pela UFRJ/RJ (antiga Universidade de Brasil) e professor de Língua Portuguesa do Rio de Janeiro, formado pela UERJ.

Onde Ana Maria Braga vai enfiar os tomates agora?

20 de abril de 2013

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Via Esquerdopata

Numa das campanhas mais patéticas já feitas pela mídia brasileira, lobistas que defendem a alta dos juros transformaram o tomate no grande emblema da inflação. Tudo começou quando Ana Maria Braga, apresentadora da Globo, pendurou um colar de tomates no pescoço e disse estar usando uma “joia”. Autorreferente, a Globo usou a “sacada” de Ana Maria para dedicar a capa da revista Época ao tomatinho. Foi também acompanhada por Veja, que disse que a presidente Dilma havia “pisado no tomate”.

Pois bem: o produto, que havia subido 122% em um ano, em razão da quebra da última safra, caiu nada menos que 75% nas últimas semanas. O quilo, antes vendido a R$10,00, agora sai a R$2,50. Supermercados, como Carrefour e Pão de Açúcar, fizeram guerra de preços para liquidar seus estoques.

Apesar disso, no entanto, o Banco Central, comandado por Alexandre Tombini, decidiu se submeter a pressão do mercado financeiro, sempre influente nos meios de comunicação, e elevou na quarta-feira, dia 17, a taxa de juro Selic em 0,25 ponto, num movimento que foi percebido como início de um novo ciclo de aperto monetário. É possível que o BC, diante de uma inflação menor, logo volte atrás. Mas o que fará Ana Maria Braga com sua joia desvalorizada?

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Veja produz seu segundo caso Boimate

Em campanha contra Dilma, Época usa Ana Maria Braga como conselheira econômica

Veja produz seu segundo caso Boimate

13 de abril de 2013

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Em 1984, o jovem repórter Eurípedes Alcântara caiu numa pegadinha de primeiro de abril e acreditou numa reportagem de uma revista científica sobre o cruzamento genético entre o boi e o tomate. O caso “boimate”, levado às páginas de Veja, se consagrou como a maior “barriga” jornalística de todos os tempos, mas não impediu que Eurípedes se tornasse diretor de Redação da revista da Abril. Nesta semana, Veja diz que a presidente Dilma “pisou no tomate” e que o alimento virou piada nacional. A tabelinha entre Abril e Globo é mais um momento baixo do jornalismo brasileiro, em sua campanha para disseminar terrorismo, pedir juros altos e combater o PT.

Via Brasil 247

Eurípedes Alcântara, diretor de redação da revista Veja, tem uma marca indelével em seu currículo. Em 1984, quando era apenas um jovem repórter que iniciava sua carreira na revista Veja, leu uma reportagem numa publicação científica sobre o cruzamento genético entre o boi e o tomate e produziu uma das pérolas da história do jornalismo no Brasil, sem se dar conta de que se tratava de uma piada de primeiro de abril. O caso Boimate, obra de Eurípedes, entrou para a história como a maior “barriga” da imprensa brasileira em todos os tempos (para saber mais, leia aqui).

Neste fim de semana, no entanto, Eurípedes decidiu produzir seu segundo caso Boimate. Numa tabelinha com a revista Época, da Editora Globo, Veja produziu uma capa idêntica, dizendo que a presidente Dilma “pisou no tomate”. Na Carta ao Leitor, Eurípedes “Boimate” Alcântara afirma que a presidente Dilma “pode afundar o Brasil”. E o texto sobre inflação é uma das peças jornalísticas mais vis, distorcidas e mal-intencionadas já produzidas pela imprensa brasileira.

Sob o título “Sim, eu posso…” e a imagem de uma Dilma com um tomate tatuado no braço, Veja “informa” que o alimento se transformou no símbolo da apreensão dos brasileiros com a volta da inflação. Mas nem torcendo e espancando as estatísticas, Veja consegue deixar sua tese de pé. Num gráfico interno, com a evolução dos preços do tomate, percebe-se que o preço do quilo foi de R$4,37 a R$7,81 entre 15 e 28 de março, mas já caiu para R$4,43 em 11 de abril. Ou seja: o estouro da meta inflacionária em 0,09%, que ocorreu em razão de uma entressafra, será revertido em abril.

Para ancorar sua peça de propaganda política, Veja cita as piadinhas que surgiram “com toda a naturalidade do mundo”, como o famoso colar de tomates de Ana Maria Braga. E fala até que os fiscais da Alfândega brasileira em Foz do Iguaçu estavam tendo que lidar com um novo tipo de crime na fronteira com o Paraguai: o contrabando de tomates.

Outro gráfico usado por Veja cita a inflação acumulada em 12 meses, de 6,59%, e outros preços que subiram mais do que isso, como a mensalidade escolar (9%), o pet shop (12%), o óleo diesel (14%) e o tomate (122%) – repita-se, um alimento com preços já em queda livre. Ora, é elementar que, se a média ficou em 6,59%, há outros itens que subiram bem menos, ou até caíram, como, por exemplo, as tarifas de energia elétrica.

Na reportagem, Veja mal disfarça seu lobby pelos juros altos. “Com a inflação não tem conversa. Ela só entende uma coisa: aumento dos juros, corte de gastos do governo e aperto no crédito – todas medidas impopulares”. No seu Boimate 2.0, Veja aproveita também a oportunidade para fazer um elogio rasgado em relação a Margaret Thatcher, que “cortou os gastos e elevou os juros”. Prestes a ser enterrada, Margaret Thactcher ainda hoje é um das figuras públicas mais odiadas da Inglaterra e a polícia britânica discute como conter protestos em seu funeral.

Sobre Veja, Eurípedes e seu segundo caso Boimate, nada a fazer a não ser atirar tomates na publicação. Que, aliás, já estão bem mais baratos.

Veja_BoiMate

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Texto publicado por Alexandre Ceará, no Facebook

As maiores taxas de inflação do Brasil pós-real e que você não soube porque as revistas, jornais, Ana Maria Braga etc. não precisavam torcer contra o povo:

1994 – 916,43% (ainda não vale)

1995 – 22,41% (preços ainda se ajustando à nova moeda, aproveitando e fazendo aquele primeiro arrocho salarial básico)

1996 – 9,56% (mão grande aqui, arrocho ali e o trabalhador trocava a picanha pelo frango)

1999 – 8,94% (Reeleição comprada e ganha, desvaloriza a moeda pra mais um arrochinho)

Enquanto isso, a carga tributária saia do patamar de 20 e poucos para os atuais 32%. E a dívida/PIB saltava de 28% para 52%, mesmo vendendo estatais a preço de banana para os amigos. E crescimento pífio: “Um governo que não usou um saco de cimento sequer.”

2001 – 7,67% (o presida Boca de Suvaco admite fracasso e implora US$30 bi ao Clinton pra fechar as contas)

2002 – 12,53% (a vaca foi pro brejo, mas essa batata quente vai pro Lula, FHC sorri)

2003 – 9,30% (Palocci começando a limpeza)

2004 – 7,60%

2005 – 5,69%

2006 – 3,14%

2007 – 4,45%

2008 – 5,90%

2009 – 4,31%

2010 – 5,90%

2011 – 6,50%

2012 – 5,83%

2013 – 6,40% (projeção)

Em campanha contra Dilma, Época usa Ana Maria Braga como conselheira econômica

13 de abril de 2013
Via Esquerdopata.

Via Esquerdopata.

Em sua capa desta semana, a revista semanal das Organizações Globo anuncia que o governo Dilma faz tudo errado no combate à inflação e diz que a presidente e o ministro Guido Mantega pisaram no tomate. Autorreferente, a Globo usa declaração da global Ana Maria Braga, que disse usar uma joia ao pendurar um colar de tomates no pescoço, para afirmar que a inflação hoje assusta os brasileiros. Nunca é demais lembrar, no entanto, que, nos dois governos FHC, a inflação foi substancialmente maior do que a agora, sem disparar o mesmo alarme: será síndrome de abstinência de juros altos ou de ter amigos no poder?

Via Brasil 247

Nunca é demais relembrar os dados de inflação dos últimos governos. Na primeira gestão FHC (1995-1998), a taxa média foi de 9,7% ao ano. Na segunda (1999-2002), de 8,8%. Com Lula, os índices foram mais civilizados, sempre dentro da meta e, agora, com Dilma, a taxa média é de 6,2%. No entanto, nunca o alarma dos veículos de comunicação tradicionais soou tão alto como agora.

Em sua capa desta semana, a revista Época, das Organizações Globo, afirma que a presidente Dilma Rousseff e seu ministro Guido Mantega pisaram no tomate – produto que simboliza a alta de preços recente. Anuncia ainda que o governo federal faz tudo errado no combate à inflação – como se, por exemplo, iniciativas recentes, como a desoneração das contas de luz não tivesse a menor importância.

Autorreferente, a Globo usa uma declaração da apresentadora global Ana Maria Braga, a de que estava usando uma joia, ao pendurar um colar de tomates no pescoço, para indicar que a população brasileira estaria apavorada com a inflação. Detalhe: quem será que pediu para Ana Maria Braga fazer sua piadinha ridícula?

Com a capa desta semana, Época, na verdade, apenas acentua sua cruzada contra o governo Dilma e, a um só tempo, alia interesses políticos da Globo a interesses econômicos seus e de apoiadores. Os dois objetivos principais são derrotar o PT nas próximas eleições e garantir o início de um ciclo de alta de juros. No fundo, trata-se de uma síndrome de abstinência de juros e também um sintoma da falta de amigos no poder.

Abaixo, um trecho da reportagem:

“Estou usando uma joia.” Com essa frase, a apresentadora Ana Maria Braga apresentou o colar de tomates de seu figurino no programa da quarta-feira passada. Foi apenas uma das muitas piadas que pipocaram ao longo da semana sobre o mais novo símbolo da inflação. Numa piada da internet, a atriz Cláudia Raia, chefe de uma quadrilha internacional de prostituição na novela das 9, diz que mudará de ramo e traficará tomates. Em outra, um caqui que se passa por tomate vai para a cadeia. Alguém sugeriu um novo programa social – Meu Tomate Minha Vida. Na semana em que a inflação acumulada nos últimos 12 meses ultrapassou o teto da meta estipulada pelo Banco Central, o Brasil se transformou no “país do tomate”. Com alta de 122% em um ano, o fruto contribuiu para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechar o período em 6,59%.

Inflação oficial acumulada em 12 meses fica em 6,59%, diz IBGE

Não se acredita num descontrole que leve o País aos patamares de inflação do final dos anos 1980, quando, na casa dos 1.000% ao ano, ela obrigava os brasileiros a apostar corrida, entre as gôndolas dos supermercados, com os funcionários responsáveis pela remarcação de preços. É um erro, porém, comparar os índices desses dois períodos, tantas foram as mudanças da economia na conquista da estabilidade. Mesmo que o patamar atual não pareça assustador, ele é. Índices desse porte estão longe de representar um problema trivial. Um primeiro efeito: na semana passada, os supermercados divulgaram que, em fevereiro, registraram queda de 2,1% nas vendas de alimentos e bebidas, em comparação com o mesmo mês de 2012. O consumo diminuiu sobretudo entre a classe média e os mais pobres. De acordo com a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), as vendas para famílias de menor renda caíram 4% em 12 meses. Essa situação – em que os maiores beneficiários do crescimento recente da economia brasileira perdem poder de compra – é a principal fonte de preocupação para o futuro político da presidente Dilma Rousseff.

Dois dias antes da divulgação do IPCA, a presidente convocara a seu gabinete três de seus principais consultores econômicos: o ex-ministro Delfim Netto, Luiz Gonzaga Beluzzo e Yoshiaki Nakano, que cuidou das contas de várias administrações tucanas. O governo só se pronunciou sobre o assunto depois que o índice foi divulgado, na última quarta-feira. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que não pouparia esforços para evitar a alta de preços e quis demonstrar otimismo. Afirmou que a entressafra agrícola terminará em breve, que as pressões sobre o setor de serviços estão mais brandas. Também lembrou que a inflação de março foi a mais baixa do ano – segundo ele, um bom sinal. Procurado por Época para comentar o assunto, Mantega não quis dar entrevista. O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, também não quis se pronunciar. Na sexta-feira, durante um evento em São Paulo, Mantega afirmou que “as medidas que forem necessárias serão tomadas pelo governo”. “Não titubeamos em tomar as medidas, inclusive, posso dizer, mesmo medidas que são consideradas não populares, como elevação da taxa de juros, quando isso é necessário”, afirmou. “O Banco Central tem dito que não há e não haverá tolerância com a inflação”, disse Tombini no mesmo dia.

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Texto publicado por Alexandre Ceará, no Facebook

As maiores taxas de inflação do Brasil pós-real e que você não soube porque as revistas, jornais, Ana Maria Braga etc. não precisavam torcer contra o povo:

1994 – 916,43% (ainda não vale)

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1999 – 8,94% (Reeleição comprada e ganha, desvaloriza a moeda pra mais um arrochinho)

Enquanto isso, a carga tributária saia do patamar de 20 e poucos para os atuais 32%. E a dívida/PIB saltava de 28% para 52%, mesmo vendendo estatais a preço de banana para os amigos. E crescimento pífio: “Um governo que não usou um saco de cimento sequer.”

2001 – 7,67% (o presida Boca de Suvaco admite fracasso e implora US$30 bi ao Clinton pra fechar as contas)

2002 – 12,53% (a vaca foi pro brejo, mas essa batata quente vai pro Lula, FHC sorri)

2003 – 9,30% (Palocci começando a limpeza)

2004 – 7,60%

2005 – 5,69%

2006 – 3,14%

2007 – 4,45%

2008 – 5,90%

2009 – 4,31%

2010 – 5,90%

2011 – 6,50%

2012 – 5,83%

2013 – 6,40% (projeção)