Herdeiro do nazismo não pode se dizer “pró-vida”

Nazista_Paulo_Fernando_Melo01Fernando Brito, via Tijolaço

Depois de 54 anos de vida e 36 de jornalismo, o estômago da gente fica resistente e não embrulha facilmente. E hoje estou com ele embrulhado. Chegou-me a informação, fui checar e estava correta.

O senhor Paulo Fernando Melo (foto), vice-presidente da Associação Nacional Pró-Vida e Pró-Família, secretário-geral da Rede Nacional Pró-Vida e um dos que esteve pressionando a presidenta Dilma Rousseff a vetar a lei, aprovada pelo Congresso, que garante assistência às mulheres vítimas de estupro é um nazistoide, herdeiro das ideias mais horrendas e mais contrárias à vida, à dignidade e à igualdade humana que já passaram por este planeta.

Paulo Fernando Melo em seu site religioso e na biografia que o integra esconde que é e sempre foi um integralista, herdeiro dos simpatizantes, no Brasil, de Hitler e Mussolini.

15 anos já participava da refundação do movimento integralista, no Centro Cultural Plínio Salgado, em Niterói, ao lado de grupos como a Juventude Nativista da Bandeira do Sigma (o equivalente brasileiro da cruz suástica) e de skinheads e “carecas do ABC”, que depois se afastariam do movimento.

Paulo Fernando, alguns anos atrás, era alto dirigente da organização e sua candidatura a deputado federal, onde ele era definido como um “legionário do sigma” e “único candidato 100% integralista do Brasil”, foi apoiado – inclusive financeiramente – pelos integralistas. O anúncio do boletim fascistoide está abaixo, inclusive apontando Paulo Fernando como parte do “bem-sucedido” movimento “Fora Dilma” naquele ano de 2010. Antes, em 2006, havia tentado se eleger deputado estadual em São Paulo, no partido de Enéas Carneiro, obtendo apenas 1.900 votos.

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Esta é a história do homem que desafia a presidente eleita pelos brasileiros, dizendo-lhe, em pleno Palácio do Planalto, segundo o jornal O Globo:

“As consequências [da sanção do projeto] chegarão à militância pró-vida causando grande atrito e desgaste para Vossa Excelência, senhora presidente, que prometeu em sua campanha eleitoral nada fazer para instaurar o aborto em nosso País.”

Um de suas “credenciais” era ter sido um dos advogados – perdoe a classe – que tentou obrigar as grávidas de fetos anencefálicos a carregarem, por meses, um morto em suas barrigas. Agora, esconde dos católicos de boa-fé que tem essa história ao lado dos movimentos de inspiração fascista.

Busca confundir as pessoas alegando que a sanção do projeto que está na mesa da presidenta é a legalização do aborto no Brasil. É mentira, porque não se altera em uma vírgula o que está na lei brasileira há mais de 70 anos: aborto – concorde-se ou discorde-se disso – continua sendo crime, exceto por grave risco à saúde da mãe ou em caso de a gravidez ser resultado de estupro, se assim desejar a vítima dessa violência inominável.

O que o projeto diz é que as mulheres vítima de estupro obterão, na rede pública, a “pílula do dia seguinte” e medicamentos anti-HIV, Hepatite C e HPV, além de orientação sobre seu direito – há 70 anos legal – de não deixar que se consume a gravidez fruto de ataque sexual violento.

Não consta que, neste 70 anos, essas organizações têm feito qualquer grande campanha para defender o direito dos estupradores saírem gerando filhos por aí, para desgraça de suas vítimas. Espero que, jamais, estejam entre elas a minha filha e a dele. E se a minha, por causa dele, não puder senão morrer em vida com a eternização daquela monstruosidade, aceitarei todas as consequências jurídicas de dar-lhe o gesto merecido. Mas a presidenta se deixasse intimidar por um filofascista como ele.

Há pessoas de boa-fé contrárias ao aborto que não se sentirão confortadas em saber que um integralista, com toda a carga de ódio e desumanidade que esta vertente tupiniquim do nazifascismo carrega, as representa nesse lobby.

E elas têm o direito de saber, mesmo que o senhor Paulo Fernando não queira dizê-lo em sua propaganda beata.

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