Daniel Dantas ameaça a Geração Editorial pelo livro Operação Banqueiro e quer impedir divulgação de dados de inquéritos e processos judiciais.
Luiz Fernando Emediato, via Carta Maior em 17/1/2014
O banqueiro Daniel Dantas fez a primeira ameaça oficial à Geração Editorial, que na sexta-feira, dia 10, lançou a obra Operação Banqueiro, do jornalista Rubens Valente, com revelações e provas inéditas sobre as atividades do banqueiro e do Banco Opportunity. A primeira edição da obra esgotou nas livrarias em poucos dias e a Geração trabalha para colocar a segunda edição nas livrarias de todo o país.
Em notificação extrajudicial datada de 9 de janeiro, subscrita pelos seus advogados, Daniel Dantas ataca a citação, na obra, de dados obtidos pelo jornalista em inúmeros processos judiciais e inquéritos policiais e administrativos de interesse público. O banqueiro afirma que “pode-se concluir que a publicação extrapola – em muito – os limites do exercício da liberdade de expressão, sujeitando V. Sas. [Geração Editorial], na qualidade de editores e distribuidores, à responsabilização pela divulgação dos dados sigilosos e pelos danos causados ao notificante [Dantas] e ao Opportunity”.
O banqueiro alega que há dados sob sigilo e, por isso, “o conteúdo divulgado no livro intitulado Operação Banqueiro é ilícito”.
A notificação extrajudicial é datada de 9 de janeiro, um dia antes da chegada da obra às livrarias do país. A peça assinada pelos advogados do banqueiro reconhece que houve portanto uma “leitura superficial”. Segundo o banqueiro, “a leitura superficial da obra publicada permite constatar a divulgação indevida, ainda que não se reconheça o seu teor, de informações sigilosas constantes de processos judiciais e administrativos, como por exemplo o conteúdo de interceptações telefônicas, a transcrição de e-mails; a reprodução de documentos e relatórios da Polícia Federal”.
A Geração Editorial e o autor reafirmam que jamais utilizaram material “ilícito” e que a divulgação de dados do gênero é reconhecida em várias esferas judiciais e oficiais que defendem o direito à liberdade de informação e de expressão no Brasil. Caso prosperasse a tese desenvolvida pelo banqueiro e contida na peça ameaçadora de seus advogados, todos os jornais e revistas do país, todas as emissoras de televisão e todas as editoras estariam impedidas de divulgar quaisquer investigações desenvolvidas, por exemplo, pela Polícia Federal.
Os brasileiros já estão acostumados a abrir todos os dias os jornais e revistas ou ligar a televisão no noticiário para ter acesso a gravações telefônicas e e-mails interceptados por ordem judicial no decorrer de processos e inquéritos da Polícia Federal e das várias polícias nos Estados. Estaria o “Jornal Nacional” e os jornais televisivos da Rede Record, da Rede Bandeirantes e do SBT, dentre tantas outras emissoras, fazendo uso de “conteúdo ilícito” em seu noticiário? Estariam a revista Veja, Época, IstoÉ e CartaCapital, semanalmente, e os jornais Folha de S.Paulo, O Estado de S.Paulo e O Globo, diariamente, apenas para citar alguns mais conhecidos no país, usando material “ilícito” em suas páginas? Estariam todos esses veículos “extrapolando – em muito – os limites do exercício da liberdade de expressão”?
A resposta a todas essas perguntas é obviamente não, pois editores e jornalistas apenas cumprem o seu papel e o seu dever de bem informar a população sobre temas de interesse público. Caso a tese levantada pelo banqueiro fosse verdadeira e acolhida pelo Judiciário, seria instituído no país um verdadeiro sistema autoritário de censura e de controle da liberdade de expressão e de informação, no qual jornalistas e editores seriam perseguidos e punidos apenas porque levaram ao público determinadas informações, principalmente as que incomodam forças poderosas no país.
A Geração Editorial e o autor reafirmam o respeito à lei e à Justiça brasileiras e o compromisso com a transparência de seus atos e com o direito do leitor de ter acesso a informações de interesse da sociedade.
Luiz Fernando Emediato é publisher da Geração Editorial.
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Tags: Daniel Dantas, Editora Geração, Folha de S.Paulo, Gilmar Mendes, José Serra, Livro, Operação Banqueiro, Operação Satiagraha, Rubens Valente
17 de janeiro de 2014 às 18:10
A reclamação de DD através de seus advogados faz-me lembrar o dito pela Glória Lopes, antiga repórter policial e radialista em Belo Horizonte: “Se você não quer aparecer, não deixe acontecer”.
17 de janeiro de 2014 às 6:34
[…] See on limpinhoecheiroso.com […]
17 de janeiro de 2014 às 6:17
COMENTÁRIO ATRASADO: Editorial O Globo, domingo,12 …
” Em 1962, um ano após o golpe militar que ele apoiou,
O Globo se mostra contrário ao 13º salário. ”
desculpe, mas não entendi: o Golpe foi em 1964 …
tambem, no site do Tijolaço, não consta esta página
do jornal O Globo.
Namaste, lauros nobilis.
LEITOR ASSÍDUO DOS:
L&C, Tijolaço, O Cafezinho, DCM e Conversa Afiada.