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Dilma refuta visão colonizada da Folha

9 de novembro de 2013

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Altamiro Borges em seu blog

Sem citar a Folha de S.Paulo – “um jornal a serviço dos EUA” –, a presidenta Dilma Rousseff contestou na quarta-feira, dia 6, a ideia ridícula de que o Brasil também faz espionagem ilegal e criminosa. “Não dá para comparar o que a Abin [Agência Brasileira de Inteligência] fez, até porque não violou a privacidade. Está previsto na legislação brasileira, não cometeram nenhuma ilegalidade. Se tivesse cometido, teriam sido afastados”, afirmou à agência de notícias Reuters.

Na segunda-feira, dia 4, a Folha estampou uma manchete espalhafatosa – “Governo brasileiro vigiou diplomatas estrangeiros” – e tentou comparar a ação da Abin com a política criminosa dos EUA de monitorar telefonemas e e-mails de milhares de cidadãos no mundo. Uma matéria no portal UOL, que também pertence à famiglia Frias, chegou a afirmar que “todo mundo espiona, não há virgens”.

O Nobel da espionagem

As “reporcagens” do Grupo Folha parecem ter sido encomendadas pelo presidente Barack Obama, o prêmio Nobel da espionagem mundial. No exato momento em que o Brasil e a Alemanha se uniram para questionar na Organização das Nações Unidas (ONU) as práticas ilegais dos EUA, elas serviram para comparar duas iniciativas distintas – uma de invasão de privacidade e de ingerência imperialista; outra de defesa da soberania nacional.

Segundo a notícia da Reuters, a presidenta Dilma Rousseff fez questão de defender as atividades da Abin, que monitorou diplomatas russos, iranianos e iraquianos – durante o governo Lula –, agindo conforme a legislação brasileira. “Ela disse que essas operações não podem ser comparadas às realizadas pela Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA), que espionou cidadãos, autoridades e empresas brasileiras”.

Aparato de violação da privacidade

“Acho que não pode comparar o que a Abin fez em 2003 e 2004, até porque tem um lado dessa ação que era contra inteligência, porque estavam achando que tinham interferências em negócios privados, negócios públicos no Brasil. Foi preventivo. Não levou a nenhuma consequência de espionar ninguém na sua privacidade… No outro caso, não é isso. No outro caso, é um aparato de violação da privacidade, dos direitos humanos e da soberania do país”.

Apesar da confusão criada pela Folha, que tentou jogar na defensiva o governo brasileiro, a presidenta voltou a criticar a política imperial dos EUA. “Dilma também afirmou que a falta de um pedido de desculpas do governo norte-americano foi um dos fatores que a levaram a adiar a visita de Estado que tinha marcada para o mês passado aos EUA. Ela revelou que seu governo propôs aos EUA um acordo para que fosse mantida a visita de Estado, que incluía um pedido de desculpas e o compromisso de que as atividades de espionagem parariam”.

“A questão é a seguinte: eu iria viajar. A discussão que derivou das denúncias nos levou a fazer a seguinte proposta aos EUA: só tem um jeito de a gente resolver esse problema. Eles teriam de se desculpar pelo que aconteceu e dizer que não aconteceria mais. Não foi possível chegar a esse termo”, afirmou a presidenta Dilma Rousseff.

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A vassalagem da Folha de S.Paulo

A vassalagem da Folha de S.Paulo

8 de novembro de 2013

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Sem surpresas, a denúncia da Folha contra o governo Dilma foi editorializada no Jornal Nacional da Rede Globo na mesma noite, em reportagem com mais de 3 minutos.

Jeferson Miola, via Carta Maior

A Folha de S.Paulo se superou no papel de vassalo neocolonial. Na capa da edição de 4/11/2013, estampou como manchete central: “Governo brasileiro vigiou diplomatas estrangeiros”.

Nas reportagens de apoio, em três páginas do jornal, a Folha não deixou dúvidas da intenção ideológica com a suposta “notícia”. No primeiro título, na página A4, forjou uma “denúncia” contra o governo brasileiro: “Agência brasileira espionou funcionários estrangeiros”.

Com esse título, buscou sugerir que uma ação de contrainteligência da Abin [Agência Brasileira de Investigação] em 2003, seria semelhante à espionagem e controle que faz a NSA [Agência Nacional de Segurança dos EUA] em todo o mundo contra pessoas, governos, empresas e instituições – com conhecimento e autorização do presidente Barack Obama.

A própria reportagem recomendaria menos sensacionalismo à Folha: menciona que a Abin somente observou rotinas, identificou contatos e fez fotografias dos estrangeiros monitorados. O governo norte-americano, por seu lado, faz escutas telefônicas sem autorização judicial, intercepta dados e mensagens da internet e extrai informações pessoais, governamentais, comerciais e empresariais de interesse estratégico.

No título da página A5 – “Salas usadas pelos EUA foram monitoradas” –, a Folha quis insinuar “reciprocidade” de tratamento. A mensagem subjacente, nessa manchete, é de que os EUA nos espionaram porque o Brasil os espionou; assim, Brasil e EUA estariam equiparados. Tem um efeito atenuante, porque naturaliza a espionagem como aceitável e menos grave, porque é da lógica dos serviços de inteligência e contrainteligência.

Com o terceiro título, inserido na seção “Outro lado” da página A6 [“Presidência diz que ações protegeram interesse nacional”], a Folha insinua outra suposta analogia, que também não se confirma na vida real, porque para o governo dos EUA, a espionagem objetiva “proteger a humanidade do terrorismo”, conforme evidenciam seus alvos: Dilma Rousseff, Petrobras, Papa Francisco, Ângela Merkel etc.

Sem surpresas, a “denúncia” da Folha contra o governo Dilma foi editorializada no Jornal Nacional da Rede Globo na mesma noite de 4/11/2013, em reportagem com mais de 3 minutos de duração. A repercussão nos dois veículos, com a mesma textualidade, ênfase e tônica, pode ser fruto de grande coincidência jornalística. Mas também pode indicar um jogo ensaiado.

É difícil saber se é o caso de um excessivo engajamento norte-americanófilo ou de um também excessivo – e irrefreável – engajamento anti-Dilma que orienta a opção política da Folha. Mas é fácil deduzir que o jornal fica ridículo com o viés ideológico preconceituoso empregado contra Dilma, contra o PT e contra valores de esquerda. O jornal parece acometido da síndrome de inferioridade da elite brasileira colonizada, que concebe a adulação ao seu Senhor, o poderoso big brother, como sua principal virtude.

A direita brasileira e a mídia conservadora, com seu discurso obsoleto e sem uma visão de futuro para o Brasil, carecem de munição para enfrentar e derrotar Dilma e o PT nas eleições de 2014. A cada dia, por isso, testam diferentes factoides, inverdades e profecias que, por fim, não se confirmam.

Essa cobertura ideologicamente enviesada da Folha de S.Paulo teve o objetivo de enfraquecer a imagem positiva de Dilma, cada vez mais reconhecida no mundo inteiro pelas decisões e posições políticas corretas frente aos crimes de espionagem dos EUA.

“Espionagem” na Folha. O ridículo devidamente enquadrado

7 de novembro de 2013

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Fernando Brito, via Tijolaço

Embora seja um bom trabalho de reportagem – e um sinal de que a Abin é mais furada que uma peneira, como já se tornou cansativo falar – o caso da “espionagem” brasileira é de uma estupidez sem par.

A começar pelo termo espionagem em lugar de contraespionagem, porque nosso país não está “indo espiar” ninguém, mas apenas cuidando do que, às escondidas, estrangeiros vêm fazendo aqui. Ou será que deveríamos celebrar também algo como a “liberdade de espiar”, para norte-americanos montarem salas de rádio dissimuladas, franceses fuçaram nossa base espacial em Alcântara, Irã ou Iraque tratarem se seus enfrentamentos com o EUA ali em pleno Setor de Embaixadas da Asa Sul de Brasília?

Aliás, o fato de ter sido identificado um espião francês em Alcântara, muito anterior à explosão de um protótipo de nosso Veículo Lançador de Satélites (a foto, lá em cima, segue sendo impressionante) tornava uma obrigação monitorar suas ações, ainda mais sabendo que nosso programa de satélites poderia vir a ser concorrente comercial do francês, localizado em Kourou, na Guiana Francesa.

Melhor ainda que na Folha, agora “reforçada” na sua mediocridade por Reinaldo Azevedo, resta um Jânio de Freitas para enquadrar devidamente o caso. Sai da visão primária com que a edição do jornal tratou o tema, transformando num caso de “espionagem brasileira”.

Muito além da bobagem de querer traçar qualquer paralelo entre a invasão eletrônica dos EUA sobre nossas comunicações, em nosso território, Jânio vai ao ponto central: o jogo de poder é bruto e um país precisa se defender dele.

Coisas deles

Janio de Freitas

Gentileza não gera gentileza, não. Se há pelo menos dez anos são conhecidas da contraespionagem brasileira as salas sem presença humana e com equipamentos de transmissão, alugadas em Brasília pela Embaixada dos Estados Unidos, temos aí outro caso exemplar de gentileza não correspondida. A qual permite supor que, entre suas consequências, estejam a intercepção e a retransmissão, à Agência de Segurança Nacional dos EUA, das comunicações de Dilma Rousseff e de outras autoridades brasileiras.

O subterfúgio de instalações veladas está na essência da espionagem e das ações de sabotagem, mas tem mais de uma resposta eficaz. Não aplicar nem uma delas parece ser um vício brasileiro.

Bem antes do golpe de 1964, militares do Exército constataram que uma agência de turismo na rua Santa Luzia, na Cinelândia, pertinho da embaixada norte-americana ainda instalada no Rio, na verdade era cobertura para um posto da CIA. No mesmo quarteirão, mas na rua México, em frente ao lado da embaixada, descobriram que um curso para sargentos desejosos de fazer vestibular, ou galgar uma promoção, funcionava para cooptar e infiltrar novos agentes da CIA nos quartéis.

A confiança em que o governo Jango nunca seria derrubado e o receio de um caso problemático com o governo norte-americano sustaram qualquer reação. Houve, se houve mesmo, algum monitoramento, que se distingue das outras ações subterrâneas por se limitar à vigilância cautelosa.

Aqueles e vários outros postos identificados estavam sujeitos, porém, a dois tipos de ação defensiva. Uma, política, de exigir que o governo norte-americano desmontasse os postos e recambiasse os estrangeiros em ação neles (o chefe da agência de turismo era um estrangeiro de língua espanhola). Um aborrecimento diplomático, por certo.

A outra ação possível, mais simples e terminante, seria estourar os postos a pretexto de indícios ou denúncias de contrabando, lavagem de dinheiro, funcionamento irregular, essas atividades que a polícia estoura dia a dia. “Ah, era coisa de vocês? Não sabíamos, agora não há mais nada a fazer.”

Salas em Brasília com equipamentos ativos dia e noite, e presença humana muito esporádica, só servem para “guardar equipamento como rádio walkie-talkie” no cinismo conveniente à espionagem –como foi na resposta dada ao excelente repórter que é Lucas Ferraz, revelador de documentos da Abin, a Agência Brasileira de Informação, sobre alguns monitoramentos seus.

A soma das muitas e diferentes gentilezas do governo Jango foram retribuídas do modo que se sabe. As dos governos Lula e Dilma, e provavelmente Fernando Henrique e José Sarney, sabe-se apenas que também tiveram retribuição à norte-americana. Sabe-se graças a Edward Snowden.

Governo federal chama Estadão de mentiroso

5 de abril de 2013

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Altamiro Borges em seu blog

O Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República divulgou na tarde de quinta-feira, dia 4, nota oficial negando que tenha montado, junto com a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), uma operação para monitorar o movimento sindical no Porto de Suape, na região metropolitana do Recife. Sem apresentar provas, o jornalão publicou a “reporcagem” na própria quinta-feira afirmando que a operação foi iniciada há um mês. A matéria teve o nítido objetivo de estimular a cizânia entre a presidenta e o governador Eduardo Campos, que ainda não definiu se será candidato nas eleições de 2014.

Nos últimos meses, o diário falido da famiglia Mesquita tem intensificado os ataques ao governo federal. A produção de factoides é permanente, com o propósito explícito da escandalização da política. A presidenta Dilma, que ainda insiste no “namorico” com a mídia e veta qualquer debate mais sério sobre a regulação dos meios de comunicação, é a maior vítima destes ataques levianos. Os ataques “irresponsáveis” são destaque no jornal. Já a resposta do governo, como a que foi dada pelo GSI, vira notinha de rodapé – se é que será publicada. Lamentável. Acorda, Dilma!

Abaixo a nota do Gabinete de Segurança Institucional:

O Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República repudia veementemente matéria publicada hoje no O Estado de S.Paulo insinuando que o governo faça vigilância sobre movimentos sindicais dos portuários no estado de Pernambuco.

É mentirosa a afirmação de que o GSI/Abin tenha montado qualquer operação para monitorar o movimento sindical no Porto de Suape ou em qualquer outra instituição do país. O GSI lamenta ainda a utilização política do tema, questionando a quem interessa tal tipo de interpretação neste momento.

Todo o trabalho do GSI e da Abin está amparado pelas Leis 9.883, de 1999, que criou o Sistema Brasileiro de Inteligência e a Abin como seu órgão central, e 10.683, de 2003, que estabelece ser do GSI a coordenação da inteligência federal. Sua atuação vem se pautando por uma ação institucional e padronizada, como ocorre em todos os sistemas democráticos.

Em nenhum momento o governo determinou ao GSI/Abin qualquer ação relativa ao tema referido na irresponsável reportagem do jornal.

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