Posts Tagged ‘Grampos telefônicos’

Governo Obama grampeou telefones de jornalistas. Já pensou se fosse o Lula?

14 de maio de 2013

Obama_Telefone

O governo norte-americano invadiu as linhas telefônicas da Associated Press, no que está sendo chamado de “lapso fascista” e “sinal de paranoia”.

Kiko Nogueira via Diário do Centro do Mundo

O Departamento de Justiça norte-americano grampeou os telefones de repórteres da Associated Press, num movimento que está sendo chamado de “intrusão perturbadora”, “espionagem de estado”, “atentado à liberdade de expressão”, “lapso fascista” e “a volta aos tempos de Nixon”.

O grampo em mais de 20 telefones foi motivado por uma investigação do governo para saber como a AP conseguiu informações a respeito de um plano para bombardear o Iêmen. A AP deu uma matéria sobre o plano, que envolvia um agente duplo trabalhando para a CIA e para a Al Qaeda.

O governo dos EUA monitorou ligações de gente em Nova Iorque, Washington e Hartford, no estado de Connecticut. Numa carta aberta, o presidente da AP, Gary Pruitt, classificou o grampeamento como “uma intromissão sem precedentes na apuração de notícias” e exigiu que as gravações fossem devolvidas e todas as cópias destruídas.

“Não há justificativa possível para isso”, disse Pruitt. Os métodos de Obama já vinham sendo questionados desde a admissão, por parte da Receita Federal, de que as contas de grupos conservadores, como o Tea Party, tiveram um tratamento mais rigoroso do que o normal.

Geralmente, invasões dessa natureza em organizações de mídia ocorrem após uma intimação oficial. Não foi o caso. A AP afirma que o aviso de que havia sido grampeada veio do Departamento de Estado na sexta-feira, dia 10.

A comunidade jornalística está batendo pesado. Para uma editora da revista New Yorker, Jane Mayer, parte do problema vem da revolução tecnológica. “É muito mais fácil hoje, para o governo, espionar a internet e as linhas telefônicas do que era no passado”, diz.

Jonathan Landay, repórter dos jornais do grupo McClatchy que denunciou em várias ocasiões a morte de civis por drones nos ataques “inteligentes” no Oriente Médio, acha que o efeito dessas atitudes será o oposto ao desejado: “Vamos nos esforçar mais ainda em nosso trabalho. Quanto mais o governo tenta controlar informações críticas a ele, mais danos traz à democracia.”

Policarpo Jr. e Veja pediram grampo ilegal a Cachoeira

10 de agosto de 2012

Capa de CartaCapital aponta ligações mais do que perigosas entre o chefe da sucursal da revista Veja em Brasília, Policarpo Jr., e o bicheiro Carlos Cachoeira. Numa das conversas, Policarpo, que era chamado de “Caneta” pelo contraventor, pede a ele que levante ligações do deputado Jovair Arantes, que concorre à Prefeitura de Goiânia. Segundo a reportagem, há provas concretas de que Veja defendia interesses do bicheiro.

Via Brasil 247

Neste fim de semana, a revista Veja publicou uma reportagem, em tom indignado, denunciando uma “farsa” protagonizada por Andressa Mendonça, esposa de Carlos Cachoeira. Como se sabe, Andressa ameaçou o juiz Alderico Santos com a publicação de um dossiê negativo em Veja, pelas mãos do jornalista Policarpo Jr., e só não foi presa porque pagou uma fiança de R$100 mil – em dinheiro vivo. Na reportagem, falava-se que “Veja não faz nem publica dossiês”.

Era meia verdade e, portanto, meia mentira. Veja publica, mas não faz dossiês. Até recentemente, terceirizava a produção dessas peças ao bicheiro Carlos Cachoeira. E a prova está numa reportagem de CartaCapital deste fim de semana, em que Policarpo Jr. pede a Cachoeira que grampeie o deputado Jovair Arantes, do PTB, que hoje é candidato à Prefeitura de Goiânia.

Eis um trecho da conversa captada pela Operação Monte Carlo entre Policarpo e Cachoeira, do dia 26 de julho do ano passado:

Policarpo – É o seguinte, não, eu queria te pedir uma dica, você pode falar?

Carlinhos – Pode falar.

Policarpo – Como é que eu levanto aí uma ligações do Jovair Arantes, deputado?

Carlinhos – Vamos ver, uai. Pra quando, que dia?

Policarpo – De imediato, com a turma da Conab.

Carlinhos – O Neguinho.

Policarpo – Hã?

Carlinhos – Deixa eu ver com ele, o Neguinho, vou falar para ele te procurar aí.

Foi também a Cachoeira que Veja recorreu para obter as imagens do Hotel Naoum. Dias atrás, o senador Fernando Collor definiu Policarpo Jr. como “quadrilheiro”. Sua convocação à CPI do Congresso será votada na próxima semana.

Abaixo, a íntegra do grampo da PF publicado por CartaCapital.

Leia também: Leandro Fortes: O triste fim de Policarpo Jr. (e da Veja)

Luis Nassif: Os grampos falsos de José Serra

6 de julho de 2012

Luis Nassif, via Advivo

Determinados elementos para algum historiador que, no futuro, se debruce sobre a biografia de José Serra. A comunicação falsa de grampos telefônicos contra autoridades do Judiciário tem sido um dos principais instrumentos de comoção política no País.

Há três casos expressivos:

1. O grampo sem áudio envolvendo o então presidente do STF Gilmar Mendes e o senador Demóstenes Torres.

2. A falsa comunicação de grampo no STF, feita à revista Veja pelo próprio pessoal de Gilmar e que resultou no factoide “A República do Grampo”.

3. A denúncia do ex-coronel do SNI Ênio Gomes Fontenelle de que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tinha sido alvo de escutas telefônicas em 2006. Fontenelle foi denunciado por falsidade ideológica por ter inventado o grampo.

O que os três casos têm em comum? Os personagens guardam estreitas ligações com o ex-governador de São Paulo José Serra.

No caso de Fontenelle, é ligado a Marcelo Itagyba e foi contratado por Serra quando ministro da Saúde e, depois, quando governador de São Paulo. Por aqui, a Fence teve autorização para monitorar todas as comunicações do governo, atuando diretamente no coração da Prodesp: o centro de processamento de dados do estado.

Aqui, matéria do Viomundo sobre a contratação da Fence em São Paulo.

Aqui, matéria do G1 mostrando o indiciamento de Fontenelle em 2006.