Posts Tagged ‘Reeleição’

A reeleição voltou a ficar perto de Dilma

9 de setembro de 2013
Dilma13_Positivo

De novo com uma vantagem enorme.

Os números da nova pesquisa do Vox Populi mostram que queda de popularidade foi passageira.

Via Diário do Centro do Mundo

O Diário não tem pretensões a pitonisa, é evidente. Mas…

Mas, conforme dissemos lá para trás, o solavanco na popularidade da presidenta Dilma Rousseff nas chamadas Jornadas de Junho era um fenômeno previsível e, sobretudo, passageiro. Só viu ali a derrocada da candidatura de Dilma quem quis ver, ou por paixão ou simplesmente por miopia.

Menos por seus méritos e mais pelos defeitos extraordinários da oposição, Dilma caminha para uma reeleição que provavelmente se dará ainda no 1º turno.

Analisemos, primeiro, Dilma. Sob ela, os avanços sociais imprescindíveis para que o Brasil se torne um dia uma grande Escandinávia vieram, até aqui, numa velocidade frustrante.

Os protestos de junho – não os diminutos que enveredaram pela falácia miserável do brado anticorrupção, aspas, mas os grandes que pediram mais justiça social, sem aspas – traduziram nas ruas a insatisfação com a baixa velocidade da retirada de privilégios de quem já tem há muito tempo privilégios demais.

Dilma, por tudo que tem dito, parece ter compreendido a mensagem. Acomodar interesses retarda demais as coisas – e o Brasil tem pressa.

A forma como ela enfrentou a resistência ao Mais Médicos sugere que ela entendeu que conciliar, às vezes, é a pior escolha não para ela ou seu partido – mas para os milhões de brasileiros desvalidos. O choque de junho pode ter um efeito revigorador para Dilma em seus próximos anos de poder.

Quanto à oposição, é uma pequena tragédia, infelizmente. Infelizmente porque uma boa oposição sempre faz bem a um país: os partidos se esforçam por serem uns melhores que os outros aos olhos do eleitor.

Mas.

O principal partido de oposição, o PSDB, não foi capaz de entender que para não se transformar em sucata tem que colocar o combate à iniquidade no topo do topo de sua agenda.

A agonia do PSDB deriva, em grande parte, da relação nefasta que seus líderes estabeleceram com a mídia tradicional. Uma vez que para as grandes empresas jornalísticas justiça social é uma maldição, os tucanos imaginam que, fazendo dela sua prioridade, perderão o apoio maciço da mídia.

Há fundamente nesse medo. Mas a alternativa a uma mudança radical é as coisas ficarem exatamente como estão: o PSDB é empurrado pela mídia mas cada vez mais desprezado pelos eleitores.

Não há capa da Veja, não há entrevista no Jô, não há comentários de Jabor – não há nada que a mídia tradicional possa fazer para erguer o PSDB. Por uma razão: ela caiu num enorme descrédito.

Graças sobretudo à internet, que rompeu o controle de poucas famílias na divulgação de informações, os brasileiros sabem hoje que as empresas de mídia defendem, primeiro e acima de tudo, seus próprios interesses políticos e econômicos. A esses interesses privados elas dão, caprichosamente, o nome de interesses públicos.

Pausa para rir.

Por tudo isso, 2014 está provavelmente decidido para Dilma.

Maria Inês Nassif: Esqueçam o que escrevi, diria o PIG

4 de setembro de 2013

FHC_Compra_Votos01A

Maria Inês Nassif, via Carta Maior

O livro O Príncipe da Privataria, de Palmério Dória, lançado no final de agosto, tem a qualidade de ser memória. Dez anos passados do final dos governos de Fernando Henrique Cardoso, um processo do chamado “mensalão” que tomou oito anos de generosos espaços da mídia tradicional e uma viuvez inconsolável da elite brasileira – alijada do principal poder institucional, o Executivo, por falta de votos populares –, jogaram para debaixo do tapete a memória do que foi o processo de privatização brasileira e a violenta concentração de riqueza nacional que disso resultou.

Foi quase como se a mídia tradicional brasileira e a elite “moderna”, que ingressou no capitalismo financeiro internacional na era Collor-Fernando Henrique Cardoso, tivessem tirado as palavras da boca do próprio FHC. “Esqueçam o que eu escrevi”, teriam dito jornais e emissoras brasileiras, se perguntadas por que subtraíram de si próprios o mérito de ter, pelo menos, jogado luzes sobre a pesada articulação do governo tucano para dar mais quatro anos de mandato a Fernando Henrique, e sobre os interesses que se acumulavam por trás de um processo de privatização que, no mínimo, e para não dizer outra coisa, foi viciado.

Na ponta do lápis, a aprovação da reeleição a R$200 mil por cabeça (denunciada pela Folha, com três confissões de venda documentadas em gravações obtidas pelo jornalista Fernando Rodrigues, e uma previsão de que, no total, pelo menos 150 parlamentares venderam também o seu voto) e os prejuízos de uma privatização que concentrou pesadamente renda privada no país, além de desnacionalizar setores estratégicos para o crescimento brasileiro, resultam em valores muito, mas muito mais expressivos do que o escândalo do “mensalão”, que os jornais (com a ajuda de declarações e frases feitas de ministros do Supremo Tribunal Federal) cansam em dizer que foi o maior escândalo de corrupção da história do país.

Nos dois casos – do governo Fernando Henrique e no escândalo maior do governo Lula, o “mensalão” – os jornais denunciaram. A diferença para os dois períodos, todavia, foi a forma como a mídia enxergou os desmandos. No caso da compra de votos para a reeleição, jornais e tevês consideraram satisfatória a ação da Câmara, que cassou o mandado de três parlamentares que confessaram, para o gravador oculto do jornalista Fernando Rodrigues, terem recebido dinheiro para votar a emenda da reeleição. Os escândalos relativos à privatização foram divulgados muito mais como denúncias de arapongagem – escutas ilegais feitas por inimigos do programa de doação do patrimônio público a consórcios formados com dinheiro do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social, fundos de previdência das estatais e capital estrangeiro (em menor volume, mas com direito a controle acionário), do que propriamente indícios de ilícitos do governo.

O fato de os jornais, revistas e tevês simplesmente terem apagado de suas memórias edições desses períodos não chega, portanto, a ser uma contradição. Ideologicamente, nunca houve uma proximidade política tão grande entre os meios de comunicação e um governo eleito democraticamente no País. O projeto tucano era também o projeto de modernização acalentado pela mídia tradicional: uma economia aberta ao capital estrangeiro, desregulada, obedecendo à máxima liberal de que o mercado é o melhor governo para os dinheiros. Nos editoriais da época, os jornais centenários brasileiros expressam a comunhão, com o governo, dos ideais de um Brasil moderno, neoliberal, fundado na ordem que já havia ganhado o mundo e subvertido o Estado de bem-estar social europeu, que foi o modelo mais longevo de capitalismo com justiça social do mundo (talvez tenha sido este um golpe mais duro para a esquerda democrática do mundo do que propriamente a queda do Muro de Berlim).

Com ressalvas para denúncias de desvios que foram colocados na categoria de “pontuais”, jamais como “sistêmicos” – como se repisa no caso dos escândalos dos governos petistas –, a imprensa embarcou no discurso a favor de “reformas estruturais” que, ao fim e ao cabo, representavam extinguir conquistas sociais e garantias de soberania da Constituição de 1988. No final dos governos FHC, os editoriais lamentaram não a corrupção sistêmica, mas o fato de o Congresso (e não o governo) não ter cedido ao Executivo e aprovado as demais reformas, que consistiam em reformar a Previdência e reduzir garantias do trabalho. Enfim, acabar com a herança getulista, como havia prometido FHC.

Quando se tira a história debaixo do tapete, conclui-se também que os oito anos de governos FHC, mais os tantos anos que sobraram do governo Collor – que sofreu o impeachment em 1991 – e os anos em que o governo Itamar Franco esteve dominado por intelectuais ligados a FHC e Serra e economistas da PUC do Rio, usaram todos os recursos disponíveis na atrasada política tradicional com o propósito declarado de “mudar” o País. Qualquer oposição era jurássica e estava exposta ao ridículo: a elite “moderna” desprezava o que considerava ser subdesenvolvimento cultural das esquerdas.

O jogo mais pesado foi feito para aprovar a reeleição de Fernando Henrique, parte de um projeto político verbalizado pelo então ministro Sérgio Motta de manter os tucanos no poder por 20 anos. A compra de votos foi generalizada no período, segundo farto material produzido pela mídia tradicional. Não houve ação da Polícia Federal, do Ministério Público ou da Justiça contra as fartas evidências de que a aprovação da reeleição foi uma fraude, proporcionada por mais de 150 votos comprados a R$200 mil cada um, segundo reitera a fonte de Fernando Rodrigues à época, agora entrevistado por Palmério Dória para O Príncipe da Privataria.

Da mesma forma, os indícios de vícios graves na formação dos consórcios que viriam a comprar o sistema estatal de telefonia, fatiado pelo governo tucano, nunca foram objeto de uma preocupação mais séria por parte do Ministério Público, ou jamais sofreram a contestação de um Supremo Tribunal Federal que, na era petista, imiscuiu-se em todos os assuntos relativos aos demais poderes da República.

Em 1994, consolidou-se um bloco hegemônico em torno de um governo. MP, STF, polícias – todos tinham chefe. Era FHC, mas o principal partido político não era o PSDB, e sim os jornais – assim como hoje eles se constituem no principal partido de oposição. O que aconteceu de 2002 para cá é que a unidade em torno do governo não existe mais, mas a hegemonia das outras instituições se impõe sobre os poderes instituídos pelo voto. O bloco hegemônico é o mesmo, exceto pelo governo e pelo Congresso, que dependem do voto popular. A unidade se faz em torno da mídia – que nega o que escreveu na última década do milênio. Dois pesos e duas medidas viraram uso corriqueiro por este bloco. Por isso é tão simples cunhar frases do tipo “nunca houve um governo tão corrupto” para qualquer um posterior ao período tucano, que vai de 1995 a 2002. E por isso esta simplificação não pode ser pedagógica: não reconhecer que há uma corrupção estrutural no sistema político é uma forma de mantê-lo inalterado. E, quando um presidente do bloco hegemônico for eleito, poderá usar esse sistema político atrasado, com o pretexto de “modernizar” o País, pagando o preço que ele cobrar.

***

Leia também:

O Príncipe da Privataria: A Folha confirma o nome do “Senhor X”

Leandro Fortes: A privataria e as desventuras do príncipe

O Príncipe da Privataria: Livro revela como FHC comprou sua reeleição

Emprego: Um semestre de Dilma é melhor do que oito anos de FHC

Por que a reeleição de FHC nunca chegou ao STF

Para a reeleição de FHC, Cacciola doou R$50 mil

Proer, a cesta básica dos banqueiros

FHC só lançou programas sociais a quatro meses da eleição de 2002

A Folha noticiou a compra de votos por FHC para a reeleição, mas depois se “esqueceu”

Histórico catastrófico da era FHC

O que Dilma deve a FHC para ser chamada de ingrata?

Vídeo: Entenda como e por que FHC quebrou o Brasil três vezes

Celso Lafer descalço em aeroporto exemplifica submissão de FHC aos EUA

Em vídeo, Itamar Franco esclarece que o Plano Real não é obra de FHC

Salário mínimo: As diferenças entre os governos FHC e Lula/Dilma

Vídeo: Já pensou se fosse o Lula? FHC embriagado na Marquês de Sapucaí

FHC, o reacionário

Conheça o apartamento de FHC em Paris. Ele tem renda pra isso?

Vídeo: FHC tenta mentir em programa da BBC, mas entrevistador não cai nas mentiras

Adib Jatene: “FHC é um homem sem palavra e Serra, um homem sem princípios.”

FHC compra o Congresso: Fita liga Sérgio Motta à compra de votos para reeleição

FHC comprou o Congresso. O STF não vai fazer nada?

FHC disse muitas vezes: “Não levem a sério o que digo.”

FHC e a reeleição comprada: Por que a Veja não consulta seus arquivos?

O retrato do desgoverno de FHC

Governo FHC: O recheio da pasta rosa e o caso do Banco Econômico

Os crimes de FHC serão punidos?

O Brasil não esquecerá os 45 escândalos que marcaram o governo FHC

FHC ao FMI: “CEF, Banco do Brasil e Petrobras estão à venda.”

As viagens de FHC, de Lula e a escandalização seletiva

Dinheiro da CIA para FHC

A festa de 500 anos do Brasil de FHC dá prejuízo de R$10 milhões ao estado da Bahia

FHC: PSDB está longe do povo. Partido nem sequer sabe o que é povo

Com indicação de FHC para ABL, Sarney faz Ayres Britto esperar a morte de outro “imortal”

Vídeo em que FHC chama os aposentados de vagabundos

Documentos revelam participação de FHC e Gilmar Mendes no mensalão tucano

FHC: “Nós, a elite, temos tendência à arrogância.”

FHC e o vitupério

Bob Fernandes escancara a relação de FHC com a espionagem dos EUA

Contratada por FHC, Booz Allen já operava como gabinete de espionagem dos EUA

Se cuida, FHC: Vem aí a CPI da Espionagem da CIA

A empresa que espionava o Brasil prestava consultoria ao governo de FHC

Era Lula cria mais empregos que FHC, Itamar, Collor e Sarney juntos

FHC já defendeu uma nova Constituinte, mas agora acha autoritarismo. Pode?

FHC se diz contra 100% dos royalties para a educação

FHC já admite que Aécio não tem condições de ser candidato

FHC é o bafômetro de Aécio

Como a Globo deu o golpe da barriga em FHC e enviou Miriam para Portugal

O Príncipe da Privataria: A Folha confirma o nome do “Senhor X”

3 de setembro de 2013

Palmerio_Doria11_Principe_Privataria_CapaJornal que, em 1997, denunciou a compra de votos para aprovação da emenda à reeleição do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, afirma que Narciso Mendes, personagem central do livro O Príncipe da Privataria, do jornalista Palmério Dória, é mesmo o personagem que a Folha apresentava como “Senhor X” em suas reportagens; Mendes gravou deputados admitindo terem recebido propina de R$200 mil para votar a favor da reeleição; segundo o jornal, revelação é “histórica”; no caso Watergate, a identidade de Mark Felt, fonte das notícias que derrubaram Richard Nixon, foi preservada durante 33 anos; aqui, o escândalo de FHC não deu em nada.

Via Brasil 247

Na reta final do julgamento da Ação Penal 470, um discurso do ministro Celso de Mello chamou a atenção. Segundo ele, o tratamento conferido ao réu José Dirceu foi “benigno”, uma vez que se tratava de corromper as instituições para permitir que um determinado grupo se perpetuasse no poder.

Curiosamente, no sábado, dia 31/8, chegou às livrarias a obra O Príncipe da Privataria, do jornalista Palmério Dória, que aborda uma compra efetiva de votos para que um determinado grupo se perpetuasse no poder. Em 1997, para que a emenda que permitiu a reeleição do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso fosse aprovada, parlamentares foram comprados, alguns receberam R$200 mil, e o pagamento foi operado por personagens que hoje despontam no escândalo do metrô.

Nada foi feito, ninguém foi denunciado e nenhum dos personagens se transformou em réu. Naquele ano de 1997, o principal denunciante da história era apontado pela Folha como “Senhor X”, um personagem que gravou deputados admitindo terem recebido a propina. No livro, Palmério revela que ele era o empresário e ex-deputado Narciso Mendes.

Na edição de sábado, dia 31/8, pela primeira vez, a Folha confirma que Mendes foi efetivamente o “Senhor X” ou seu “garganta profunda”. Num texto de Ricardo Mendonça, o jornal classifica a revelação de Palmério Dória, que é também colunista do 247, como “histórica”.

No Brasil, Mendes permaneceu incógnito durante 16 anos. Nos Estados Unidos, a identidade de Mark Felt, o vice-presidente do FBI que denunciou o escândalo Watergate, foi preservada durante 33 anos. A diferença é que, lá, o presidente Richard Nixon caiu. Aqui, FHC festeja a prisão de réus, que, como diz Celso de Mello, corromperam as instituições para se perpetuar no poder.

Abaixo, a reportagem de Ricardo Mendonça, em que a Folha confirma a identidade de seu informante e lembra que o caso nunca foi investigado:

Livro contra FHC revela fonte que provou compra de votos

“Senhor X” gravou deputados que disseram receber para aprovar reeleição em 97. Empresário Narciso Mendes assume identidade 16 anos após escândalo que abalou governo tucano.

Ricardo Mendonça

O livro O Príncipe da Privataria, um libelo contra o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso que está sendo lançado pelo jornalista Palmério Dória, traz uma revelação histórica sobre a compra de votos no Congresso a favor da emenda constitucional da reeleição, esquema denunciada pela Folha em 1997.

Tratado pelo jornal como “Senhor X” em diversas reportagens, o homem que naquele ano gravou deputados admitindo a venda de votos assumiu sua real identidade.

Trata-se do empresário e ex-deputado Narciso Mendes, 67 anos, dono de um jornal e de uma retransmissora do SBT em Rio Branco (AC). Em 16 anos, ele nunca havia falado publicamente sobre o assunto. A seu pedido, seu nome era preservado pelo jornal.

O depoimento de Mendes admitindo ter colhido as provas da compra de votos é tema dos capítulos 11 e 12 de O Príncipe da Privataria (399 páginas, Geração Editorial).

Na época, Mendes já era ex-deputado. Com bom trânsito na bancada do Acre, ele afirma que aceitou gravar os colegas e entregar o material ao repórter Fernando Rodrigues, autor da série de reportagens da Folha sobre a compra de votos, porque era “intransigentemente contra” a emenda que viria a favorecer FHC.

Seu único pedido era a manutenção do anonimato, condição que o jornal aceitou por entender que o interesse jornalístico se sobrepunha à necessidade de revelação de seu nome. Com a iniciativa do próprio em revelar sua identidade, a Folha entende que o acordo está encerrado.

Histórico

Nas gravações do “Senhor X” em 1997, dois deputados do Acre, Ronivon Santiago e João Maia (ambos do PFL, hoje DEM) diziam ter votado a favor da emenda da reeleição em troca de R$200 mil, o equivalente a R$530 mil hoje.

Outros três deputados eram citados de forma explícita nas gravações. As conversas sugeriam que dezenas teriam participado do esquema.

A denúncia causou abalo no governo, mas o assunto nunca foi investigado. A tentativa de criação de uma CPI foi abafada. O então procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, não pediu a abertura de inquérito.

Em 21 de maio de 1997, oito dias após o caso ter sido publicado, Santiago e Maia renunciaram. Os ofícios enviados ao presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB/SP), eram idênticos. Ambos alegaram “motivos de foro íntimo”.

Dez anos depois, em sabatina na Folha, FHC não negou que tenha ocorrido compra de votos, mas disse que a operação não foi comandada pelo governo. “O Senado votou [a reeleição] em junho [de 1997] e 80% aprovou. Que compra de voto? […] Houve compra de votos? Provavelmente. Foi feita pelo governo federal? Não foi. Pelo PSDB: não foi. Por mim, muito menos.”

Apanhado

Apesar do tom escandaloso do subtítulo, “A história secreta de como o Brasil perdeu seu patrimônio e FHC ganhou sua reeleição”, o livro não traz material exclusivo sobre a venda de estatais durante o governo tucano (1995-2002).

As várias denúncias citadas, muitas vezes apresentadas de forma confusa e imprecisa, são reproduções de notícias publicadas em jornais e revistas da época. Já os argumentos econômicos são colagens de artigos publicados nos anos 90 pelo jornalista Aloysio Biondi (1936-2000), ex-colunista da Folha.

A informação mais polêmica do livro não está no material de Dória, mas na “Carta do Editor”, assinada na introdução por Luiz Fernando Emediato, dono da Geração.

Emediato diz que em 1991, quando denúncias contra o então presidente Fernando Collor começaram a surgir, ouviu uma confissão de uso de caixa 2 da boca do próprio FHC numa viagem aos EUA.

Ele diz ter ouvido de FHC o seguinte: “A diferença entre nós e eles [a turma de Collor] é que nós gastamos o dinheiro em campanhas, enquanto eles enfiam uma boa parte em seus próprios bolsos.”

Por escrito, o assessor do Instituto FHC Xico Graziano afirmou que o ex-presidente não se lembra de ter estado com Emediato nos EUA. Graziano classificou a frase atribuída a ele como “absurda” e disse que ela “jamais teria sido por ele pronunciada”.

***

Leia também:

Leandro Fortes: A privataria e as desventuras do príncipe

O Príncipe da Privataria: Livro revela como FHC comprou sua reeleição

Emprego: Um semestre de Dilma é melhor do que oito anos de FHC

Por que a reeleição de FHC nunca chegou ao STF

Para a reeleição de FHC, Cacciola doou R$50 mil

Proer, a cesta básica dos banqueiros

FHC só lançou programas sociais a quatro meses da eleição de 2002

A Folha noticiou a compra de votos por FHC para a reeleição, mas depois se “esqueceu”

Histórico catastrófico da era FHC

Vídeo: Entenda como e por que FHC quebrou o Brasil três vezes

Celso Lafer descalço em aeroporto exemplifica submissão de FHC aos EUA

Em vídeo, Itamar Franco esclarece que o Plano Real não é obra de FHC

Conheça o apartamento de FHC em Paris. Ele tem renda pra isso?

Vídeo: FHC tenta mentir em programa da BBC, mas entrevistador não cai nas mentiras

Adib Jatene: “FHC é um homem sem palavra e Serra, um homem sem princípios.”

FHC compra o Congresso: Fita liga Sérgio Motta à compra de votos para reeleição

FHC comprou o Congresso. O STF não vai fazer nada?

FHC disse muitas vezes: “Não levem a sério o que digo.”

FHC e a reeleição comprada: Por que a Veja não consulta seus arquivos?

O retrato do desgoverno de FHC

Governo FHC: O recheio da pasta rosa e o caso do Banco Econômico

Os crimes de FHC serão punidos?

O Brasil não esquecerá os 45 escândalos que marcaram o governo FHC

FHC ao FMI: “CEF, Banco do Brasil e Petrobras estão à venda.”

As viagens de FHC, de Lula e a escandalização seletiva

Dinheiro da CIA para FHC

A festa de 500 anos do Brasil de FHC dá prejuízo de R$10 milhões ao estado da Bahia

Vídeo em que FHC chama os aposentados de vagabundos

Documentos revelam participação de FHC e Gilmar Mendes no mensalão tucano

FHC: “Nós, a elite, temos tendência à arrogância.”

Bob Fernandes escancara a relação de FHC com a espionagem dos EUA

Contratada por FHC, Booz Allen já operava como gabinete de espionagem dos EUA

Se cuida, FHC: Vem aí a CPI da Espionagem da CIA

A empresa que espionava o Brasil prestava consultoria ao governo de FHC

Era Lula cria mais empregos que FHC, Itamar, Collor e Sarney juntos

FHC já defendeu uma nova Constituinte, mas agora acha autoritarismo. Pode?

FHC se diz contra 100% dos royalties para a educação

FHC já admite que Aécio não tem condições de ser candidato

Como a Globo deu o golpe da barriga em FHC e enviou Miriam para Portugal

Leandro Fortes: A privataria e as desventuras do príncipe

3 de setembro de 2013

Palmerio_Doria12_Principe_Folha

O livro mostra que FHC é um caso de crime continuado.

Leandro Fortes, via CartaCapital

A obra chegou às livrarias no sábado, dia 31/8, mas antes mesmo de sua publicação tem causado desconforto no ninho tucano. Luiz Fernando Emediato, Publisher da Geração Editorial, responsável pela edição, tem recebido recados. O último, poucos dias atrás, foi direto: um cacique do PSDB telefonou ao editor para pedir o cancelamento do livro e avisou que a legenda havia contratado um advogado para impedir a publicação, caso o apelo não fosse atendido.

Tanto alvoroço deve-se ao lançamento de O Príncipe da Privataria – A história secreta de como o Brasil perdeu seu patrimônio e Fernando Henrique Cardoso ganhou sua reeleição, do jornalista Palmério Dória. O título da obra faz alusão à alcunha de “príncipe dos sociólogos”, sugestão de amigos do ex-presidente, e ao termo privataria, menção ao processo de privatização comandado pelo PSDB nos anos 1990 e eternizado por outra obra da Geração Editorial, A Privataria Tucana, de Amaury Ribeiro Jr.

Há razão para os temores dos aliados de FHC. Na obra, Dória reconstituiu um assunto que os tucanos prefeririam ver enterrado: a compra de votos no Congresso para a emenda da reeleição que favorecia o ex-presidente. E detalha o “golpe da barriga” que o deixou refém das Organizações Globo, em especial, e do resto da mídia durante seus dois mandatos.

A maior novidade é a confirmação da identidade do Senhor X, a fonte anônima responsável pela denúncia do esquema de compra de votos para a emenda da reeleição. O ex-deputado federal Narciso Mendes, do PP do Acre, precisou passar por uma experiência pessoal dolorosa (esteve entre a vida e a morte depois de uma cirurgia) para aceitar expor-se e contar novos detalhes do esquema.

A operação, explica Mendes no livro, foi montada para garantir a permanência de FHC na Presidência e fazer valer o projeto de 20 anos de poder dos tucanos. Para tanto, segundo o ex-parlamentar, foram subornados centenas de parlamentares, e não apenas a meia dúzia de gatos-pingados identificados pelo jornalista Fernando Rodrigues, da Folha de S.Paulo, autor das reportagens que apresentaram em 1997 as gravações realizadas pelo Senhor X, apelido criado pelo repórter para preservar a identidade do colaborador, então deputado do antigo PPB.

Os mentores da operação que pagou R$200 mil a cada deputado comprado para aprovar a reeleição, diz o Senhor X, foram os falecidos Sergio Motta, ex-ministro das Comunicações, e Luís Eduardo Magalhães, filho de Antônio Carlos Magalhães e então presidente da Câmara dos Deputados. Em maio de 1997, a Folha publicou a primeira reportagem com a transcrição da gravação de uma conversa entre os deputados Ronivon Santiago e João Maia, ambos do PFL do Acre. No áudio, a dupla confessava ter recebido dinheiro para votar a favor da emenda. Naquele momento, o projeto tinha sido aprovado na Câmara e encaminhado para votação no Senado.

À época, a oposição liderada pelo PT tentou instalar uma CPI para apurar as denúncias. Mendes resume os acontecimentos a Dória e ao jornalista Mylton Severiano, que participou das entrevistas com o ex-deputado em Rio Branco: “Nem o Sérgio Motta queria CPI, nem o Fernando Henrique queria CPI, nem o Luís Eduardo Magalhães queria CPI, ninguém queria. Sabiam que, estabelecida a CPI, o processo de impeachment ou no mínimo de anulação da emenda da reeleição teria vingado, pois seria comprovada a compra de votos”.

E assim aconteceu. A denúncia foi analisada por uma única comissão de sindicância no Congresso, que apresentou um relatório contrário à instalação de uma CPI. O assunto foi enviado ao Ministério Público Federal (MPF), então sob o comando de Geraldo Brindeiro. O procurador fez jus ao apelido de “engavetador-geral”, nascido da sua reconhecida leniência em investigar casos de corrupção do governo FHC. O MP nunca instalou um processo de investigação, a mídia nunca demonstrou o furor investigatório que a notabilizaria nestes anos de administração do PT e o Congresso aprovou a emenda, apesar da fraude.

O Príncipe da Privataria tenta reconstituir os passos da história que levou uma repórter da TV Globo em Brasília, a catarinense Miriam Dutra, a um longo exílio de oito anos na Europa. Repleta de detalhes, a obra reconstituiu o marco zero dessa trama, “nalgum dia do primeiro trimestre de 1991”, quando o jornalista Rubem Azevedo Lima, ao caminhar por um dos corredores do Senado, ouviu gritos do gabinete do então senador Fernando Henrique Cardoso. “Rameira, ponha-se daqui pra fora!”, bradava o então parlamentar, segundo relato de Lima, ex-editorialista da Folha de S.Paulo, enquanto de lá saía a colega da TV Globo, trêmula e às lágrimas. A notícia de um suposto filho bastardo não era apenas um problema familiar, embora não fosse pouco o que o tucano enfrentaria nessa seara. A mulher traída era a socióloga Ruth Cardoso, respeitada no mundo acadêmico e político. O caso extraconjugal poderia atrapalhar os planos futuros do senador. Apesar de se apresentar como um “presidente acidental”, em um tom de desapego, FHC sempre se imaginou fadado ao protagonismo na vida nacional.

Escreve Dória:

“Entra em cena um corpo de bombeiros formado por Sérgio Motta, José Serra e Alberico de Souza Cruz – os dois primeiros, cabeças do ‘projeto presidencial’, e o último, diretor de jornalismo da Rede Globo e futuro padrinho da criança”. Motta e Serra bolaram o plano de exílio da jornalista, mas quem tornou possível a operação foi Souza Cruz, de atuação memorável na edição fraudulenta do debate entre Collor e Lula na tevê da família Marinho às vésperas do 2º turno. A edição amiga, comandada diretamente por Roberto Marinho, dono da emissora, e exibida em todos os telejornais do canal, levaria o ‘caçador de marajás’ ao poder. Acusado de corrupção, Collor renunciaria ao mandato para evitar o impeachment.

Miriam Dutra e o bebê foram viver na Europa e o caminho político de FHC foi novamente desinterditado. Poucos anos depois, ele se tornaria ministro da Fazenda do governo de Itamar Franco, surfaria no sucesso do Plano Real, a ponto de renegar a importância do falecido ex-presidente na implementação da estabilidade monetária no País, e venceria a eleição de 1994 no 1º turno.”

Por muito tempo, apesar de o assunto circular nas principais rodas políticas de Norte a Sul, Leste e Oeste, imperou nos principais meios de comunicação um bloqueio a respeito do relacionamento entre o presidente e a repórter. Há um pressuposto não totalmente verdadeiro de que a mídia brasileira evita menções à vida particular dos políticos, ao contrário das práticas jornalísticas nos EUA e Reino Unido. Não totalmente verdadeiro, pois a regra volta e meia é ignorada quando se trata dos adversários dessa mesma mídia.

No fim, o esforço para proteger FHC mostrou-se patético. Só depois da morte de Ruth Cardoso, em 2008, o ex-presidente decidiu assumir a paternidade do filho da jornalista. Mas um teste de DNA, feito por pressão dos herdeiros do tucano, provou que a criança não era dele.

Dória entrevistou inúmera personalidades, entre elas o ex-presidente da República Itamar Franco, o ex-ministro e ex-governador do Ceará Ciro Gomes e o senador Pedro Simon, do PMDB. Os três, por variadas razões, fizeram revelações polêmicas sobre FHC e o quadro político brasileiro. Há outras declarações pouco abonadoras da conduta do ex-presidente. A obra trata ainda do processo de privatização, da tentativa de venda da Petrobras e do plano de entrega da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil ao setor privado. “O livro mostra que FHC é um caso de crime continuado”, resume o autor.

***

Leia também:

O Príncipe da Privataria: Livro revela como FHC comprou sua reeleição

Emprego: Um semestre de Dilma é melhor do que oito anos de FHC

Por que a reeleição de FHC nunca chegou ao STF

Para a reeleição de FHC, Cacciola doou R$50 mil

Proer, a cesta básica dos banqueiros

FHC só lançou programas sociais a quatro meses da eleição de 2002

A Folha noticiou a compra de votos por FHC para a reeleição, mas depois se “esqueceu”

Histórico catastrófico da era FHC

Vídeo: Entenda como e por que FHC quebrou o Brasil três vezes

Celso Lafer descalço em aeroporto exemplifica submissão de FHC aos EUA

Em vídeo, Itamar Franco esclarece que o Plano Real não é obra de FHC

Conheça o apartamento de FHC em Paris. Ele tem renda pra isso?

Vídeo: FHC tenta mentir em programa da BBC, mas entrevistador não cai nas mentiras

Adib Jatene: “FHC é um homem sem palavra e Serra, um homem sem princípios.”

FHC compra o Congresso: Fita liga Sérgio Motta à compra de votos para reeleição

FHC comprou o Congresso. O STF não vai fazer nada?

FHC disse muitas vezes: “Não levem a sério o que digo.”

FHC e a reeleição comprada: Por que a Veja não consulta seus arquivos?

O retrato do desgoverno de FHC

Governo FHC: O recheio da pasta rosa e o caso do Banco Econômico

Os crimes de FHC serão punidos?

O Brasil não esquecerá os 45 escândalos que marcaram o governo FHC

FHC ao FMI: “CEF, Banco do Brasil e Petrobras estão à venda.”

As viagens de FHC, de Lula e a escandalização seletiva

Dinheiro da CIA para FHC

A festa de 500 anos do Brasil de FHC dá prejuízo de R$10 milhões ao estado da Bahia

Vídeo em que FHC chama os aposentados de vagabundos

Documentos revelam participação de FHC e Gilmar Mendes no mensalão tucano

FHC: “Nós, a elite, temos tendência à arrogância.”

Bob Fernandes escancara a relação de FHC com a espionagem dos EUA

Contratada por FHC, Booz Allen já operava como gabinete de espionagem dos EUA

Se cuida, FHC: Vem aí a CPI da Espionagem da CIA

A empresa que espionava o Brasil prestava consultoria ao governo de FHC

Era Lula cria mais empregos que FHC, Itamar, Collor e Sarney juntos

FHC já defendeu uma nova Constituinte, mas agora acha autoritarismo. Pode?

FHC se diz contra 100% dos royalties para a educação

FHC já admite que Aécio não tem condições de ser candidato

Como a Globo deu o golpe da barriga em FHC e enviou Miriam para Portugal

O Príncipe da Privataria: Livro revela como FHC comprou sua reeleição

1 de setembro de 2013

Palmerio_Doria12_Principe_Privataria

Lançado por Palmério Dória, O Príncipe da Privataria aborda as contradições do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e desnuda um capítulo ainda obscuro da política brasileira: a compra da emenda que permitiu a sua reeleição, em 1998. O livro revela ainda a identidade do “Senhor X”, que gravou deputados e denunciou ao jornalista Fernando Rodrigues, da Folha, o episódio. Trata-se do empresário Narciso Mendes, do Acre, que resolveu contar tudo o que sabia. A obra trata ainda da tentativa de privatização da Caixa, do Banco do Brasil e da Petrobras e também de como a mídia blindou a história do filho de FHC fora do casamento, que, no final da história, não era filho legítimo do ex-presidente.

Via Brasil 247 em 1º/9/2013

Um livro bombástico chegou, no final de agosto, às livrarias de todo o País. Trata-se de O Príncipe da Privataria, lançado pelo jornalista Palmério Dória, autor do best-seller Honoráveis Bandidos, sobre o poder da família Sarney, e colunista do 247. Desta vez, o foco de Dória é lançado sobre um dos homens mais poderosos e cultuados do Brasil: o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. No livro, o autor aborda as contradições do personagem e algumas manchas de sua biografia, como a compra da emenda da reeleição e a operação pesada para blindá-lo na imprensa sobre o filho fora do casamento com uma jornalista da Globo, que, no fim da história, não era seu filho legítimo.

Leia, a seguir, o material de divulgação preparado pela Geração Editorial, a mesma casa editorial que lançou livros-reportagem de sucesso como A Privataria Tucana, de Amaury Ribeiro Jr., e Segredos do Conclave, de Gerson Camaratti.

O Príncipe da Privataria revela quem é o “Senhor X”, o homem que denunciou a compra da reeleição

Uma grande reportagem, 400 páginas, 36 capítulos, 20 anos de apuração, um repórter da velha guarda, um personagem central recheado de contradições, poderoso, ex-presidente da República, um furo jornalístico, os bastidores da imprensa, eis o conteúdo principal da mais nova polêmica do mercado editorial brasileiro: O Príncipe da Privataria – A história secreta de como o Brasil perdeu seu patrimônio e Fernando Henrique Cardoso ganhou sua reeleição (Geração Editorial, R$39,90).

Com uma tiragem inicial de 25 mil exemplares, um número altíssimo para o padrão nacional, O Príncipe da Privataria é o 9° título da coleção História Agora da Geração Editorial, do qual faz parte o bombástico A Privataria Tucana e o mais recente Segredos do Conclave.

O personagem principal da obra é o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o autor é o jornalista Palmério Dória, (Honoráveis Bandidos – Um retrato do Brasil na era Sarney, entre outros títulos). A reportagem retrata os dois mandatos de FHC, que vão de 1995 a 2002, as polêmicas e contraditórias privatizações do governo do PSDB e revela, com profundidade de apuração, quais foram os trâmites para a compra da reeleição, quem foi o “Senhor X” – a misteriosa fonte que gravou deputados confessando venda de votos para reeleição – e quem foram os verdadeiros amigos do presidente, o papel da imprensa em relação ao governo tucano, e a ligação do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) com a CIA, além do suposto filho fora do casamento, um “segredo de polichinelo” guardado durante anos…

Após 16 anos, Palmério Dória apresenta ao Brasil o personagem principal do maior escândalo de corrupção do governo FHC: o “Senhor X”. Ele foi o ex-deputado federal que gravou num minúsculo aparelho as “confissões” dos colegas que serviram de base para as reportagens do jornalista Fernando Rodrigues publicadas na Folha de S.Paulo em maio de 1997. A série “Mercado de Voto” mostrou da forma mais objetiva possível como foi realizada a compra de deputados para garantir a aprovação da emenda da reeleição. “Comprou o mandato: 150 deputados, uma montanha de dinheiro pra fazer a reeleição”, contou o senador gaúcho, Pedro Simon. Rodrigues, experiente repórter investigativo, ganhou os principais prêmios da categoria no ano da publicação.

Nos diálogos com o “Senhor X”, deputados federais confirmavam que haviam recebido R$200 mil para apoiar o governo. Um escândalo que mexeu com Brasília e que permanece muito mal explicado até hoje. Mais um desvio de conduta engavetado na Era FHC.

Porém, em 2012, o empresário e ex-deputado pelo Acre, Narciso Mendes – o “Senhor X” –, depois de passar por uma cirurgia complicada e ficar entre a vida e a morte, resolveu contar tudo o que sabia.

O autor e o coautor desta obra, o também jornalista da velha guarda Mylton Severiano, viajaram mais de 3.500 quilômetros para um encontro com o “Senhor X”. Pousaram em Rio Branco, no Acre, para conhecer, entrevistar e gravar um homem lúcido e disposto a desvelar um capítulo nebuloso da recente democracia brasileira.

O “Senhor X” aparece – inclusive com foto na capa e no decorrer do livro. Explica, conta e mostra como se fazia política no governo “mais ético” da história. Um dos grandes segredos da imprensa brasileira é desvendado.

20 anos de apuração

Em 1993, o autor começa a investigar a vida de FHC que resultaria neste polêmico livro. Nessas últimas duas décadas, Palmério Dória entrevistou inúmeras personalidades, entre elas o ex-presidente da República Itamar Franco, o ex-ministro e ex-governador do Ceará Ciro Gomes e o senador Pedro Simon, do PMDB. Os três, por variadas razões, fizeram revelações polêmicas sobre o presidente Fernando Henrique e sobre o quadro político brasileiro.

Exílio na Europa
Ao contrário do magnata da comunicação Charles Foster Kane, personagem do filme Cidadão Kane, de Orson Welles, que, ao ser chantageado pelo seu adversário sobre o seu suposto caso extraconjugal nas vésperas de uma eleição, decide encarar a ameaça e é derrotado nas urnas devido a polêmica, FHC preferiu esconder que teria tido um filho de um relacionamento com uma jornalista.

FHC leva a sério o risco de perder a eleição. Num plano audacioso e em parceria com a maior emissora de televisão do país, a Rede Globo, a jornalista Miriam Dutra e o suposto filho, ainda bebê, são “exilados” na Europa. Palmério Dória não faz um julgamento moralista de um caso extraconjugal e suas consequências, mas enfatiza o silêncio da imprensa brasileira para um episódio conhecido em 11 redações de 10 consultadas. Não era segredo para jornalistas e políticos, mas como uma blindagem única nunca vista antes neste país foi capaz de manter em sigilo em caso por tantos anos?

O fato só foi revelado muito mais tarde, e discretamente, quando Fernando Henrique Cardoso não era mais presidente e sua esposa, Dona Ruth Cardoso, havia morrido. Com um final inusitado: exame de DNA revelou que o filho não era do ex-presidente que, no entanto, já o havia reconhecido.

Na obra, há detalhes do projeto neoliberal de vender todo o patrimônio nacional. “Seu crime mais hediondo foi destruir a Alma Nacional, o sonho coletivo”, relatou o jornalista que desvendou o processo privativista da Era FHC, Aloysio Biondi, no livro Brasil Privatizado.

Palmerio_Doria01

Palmério Dória

O Príncipe da Privataria conta ainda os bastidores da tentativa de venda da Petrobras, em que até a produção de identidade visual para a nova companhia, a Petrobrax, foi criada a fim de facilitar o entendimento da comunidade internacional. Também a entrega do sistema de telecomunicações, as propinas nos leilões das teles e de outras estatais, os bancos estaduais, as estradas, e até o suposto projeto de vender a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil. ”A gente nem precisa de um roubômetro: FHC com a privataria roubou 10 mil vezes mais que qualquer possibilidade de desvio do governo Lula”, denuncia o senador paranaense Roberto Requião.

Sobre o autor

Palmério Dória é repórter. Nasceu em Santarém, Pará, em 1949 e atualmente mora em São Paulo, capital. Com carreira iniciada no final da década de 1960 já passou por inúmeras redações da grande imprensa e da “imprensa nanica”. Publicou seis livros, quatro de política: A Guerrilha do Araguaia; Mataram o Presidente — Memórias do pistoleiro que mudou a História do Brasil; A candidata que virou picolé (sobre a queda de Roseana Sarney na corrida presidencial de 2002, em ação orquestrada por José Serra); e Honoráveis BandidosUm retrato do Brasil na Era Sarney; mais dois livros de memórias: Grandes mulheres que eu não comi, pela Casa Amarela; e Evasão de privacidade, pela Geração Editorial.

Leia também:
Coletânea de textos: FHC, o vendilhão da Pátria

Trensalão tucano: Se cuida FHC, o Ministério Público vai investigar sua eleição

18 de agosto de 2013
FHC_Andrea_Matarazzo01

Andrea Matarazzo (dir.) era o responsável por recolher o dinheiro na campanha de FHC.

Ministério Público e Polícia Federal fazem rastreamento e encontram indícios de que parte do dinheiro desviado no escândalo do Metrô pode ter alimentado campanhas do PSDB, inclusive a de FHC em 1998.

Mário Simas Filho, via IstoÉ

O Ministério Público Federal e a PF começaram na última semana uma sigilosa investigação que, entre os procuradores, vem sendo chamada de “Siga o dinheiro”. Trata-se de um nome que traduz literalmente o objetivo da missão, que consiste em fazer um minucioso cruzamento de dados já coletados em investigações feitas nos Estados Unidos, na Europa e no Brasil, seja pela PF, pelo Ministério Público Federal e pelo MP de São Paulo, envolvendo os contratos feitos pelas empresas Alstom e Siemens com o governo de São Paulo. “Temos fortes indícios de que parte do superfaturamento de muitos contratos serviu para abastecer campanhas do PSDB desde 1998, especialmente as de Fernando Henrique Cardoso e Mário Covas”, disse à IstoÉ, na manhã da quinta-feira, dia 15, um dos procuradores que acompanham o caso. “Mas acreditamos que com os novos dados que receberemos da Suíça e da Alemanha chegaremos também às campanhas mais recentes.” Sobre a campanha de 1998, os procuradores asseguram já ter identificado cerca de R$4,1 milhões que teriam saído de contas mantidas em paraísos fiscais por laranjas e consultores contratados pela Alstom para trafegar o superfaturamento de obras do Metrô, da CPTM e da Eletropaulo. “Agora que sabemos os nomes de algumas dessas empresas de fachada será possível fazer o rastreamento e chegarmos aos nomes de quem participou das operações”, diz o procurador.

Dos cerca de R$4,1 milhões, os procuradores avaliam que R$3 milhões chegaram aos cofres do PSDB através de um tucano bicudo, já indiciado pela Polícia Federal. Trata-se do atual vereador Andréa Matarazzo, ex-ministro de FHC, secretário de Covas e Serra. Em 2008, quando explodiu o esquema de propinas da Alstom na Europa, documentos apreendidos por promotores da França mostravam que a empresa pagou “comissões” para obter negócios no governo de São Paulo. De acordo com memorandos apreendidos pela justiça francesa, a Alstom pagava propinas equivalentes a 7,5% do valor dos contratos que eram divididos entre as finanças do PSDB, o Tribunal de Contas do Estado e a Secretaria de Energia. Em 1998, época em que teriam sido assinados os contratos superfaturados, Matarazzo acumulava o comando da Secretaria de Energia e a presidência da Cesp, as principais clientes do grupo Alstom no Estado. Antes disso, em novembro de 2000, tornou-se pública uma planilha que teria listado a arrecadação de campanha não declarada pelo Diretório Nacional do PSDB. Segundo essa lista, Matarazzo seria o responsável por um repasse de R$3 milhões provenientes da Alstom. Ele nega. Diz que não fez arrecadação irregular de recursos e que apenas reuniu alguns empresários para obter ajuda financeira à campanha, de forma regular e declarada. Sobre o indiciamento, afirma que já recorreu judicialmente.

FHC_Eleicao01

Registros: Em depoimento, lobista admite que recebeu no Brasil recursos de empresas ligadas a Alstom instaladas em paraísos fiscais.

Outro R$1,1 milhão que os procuradores já têm rastreado teria vindo de contas mantidas por empresas instaladas em paraísos fiscais. Uma dessas contas se chama Orange e o detalhamento do esquema de recebimento do dinheiro vindo da Alstom foi revelado ao Ministério Público paulista por um ex-lobista da empresa, hoje aposentado, Romeu Pinto Júnior. No depoimento a que IstoÉ teve acesso, ele admite que recebeu no Brasil US$207,6 mil do Union Bancaire Privée de Zurique, em outubro de 1998, e outros US$298,8 mil em FHC_Genro_David01dezembro do mesmo. Agora, os procuradores estão seguindo outras duas remessas feitas a Pinto Júnior pelo Bank Audi de Luxemburgo, entre dezembro de 2001 e fevereiro de 2002. A primeira soma US$245 mil e a segunda, US$255 mil. Todo esse dinheiro, segundo o procurador, passou por uma empresa no Uruguai chamada MCA. Além dela, a equipe está investigando contas em nome da Gateway e da Larey, ambas operadas por Arthur Teixeira, um dos lobistas delatados pela Siemens ao Cade, e identificadas como pontes para o pagamento de propinas.

Entre os documentos que o Ministério Público Federal recebeu da Suíça e da Alemanha estão dados que podem comprometer David Zylberstajn. Segundo o procurador ouvido por IstoÉ, ele teria sido um dos pioneiros a estimular a formação de cartéis, principalmente na área de energia. Só depois de rastrear todos os dados bancários obtidos nas investigações feitas fora do País é que os procuradores pretendem começar a tomar depoimentos. Os responsáveis pelas investigações avaliam que a parte mais difícil do rastreamento será feita a partir do próximo mês, quando pretendem fazer um paralelo dos dados já levantados com o que poderá vir a ser fornecido por empresas que trabalharam nas campanhas eleitorais.

***

Leia também:

Trensalão tucano: Entenda as denúncias contra o PSDB

Todos os homens do propinoduto tucano

Propinoduto tucano: Os cofres paulista foram lesados em mais de R$425 milhões

Propinoduto em São Paulo: O esquema tucano de corrupção saiu dos trilhos

Após denúncias contra PSDB de São Paulo, site da IstoÉ sofre ataque

Mídia se cala: Tucanos envolvidos em corrupção? Bobagem…

Ranking dos partidos mais corruptos do Brasil

Por que Alckmin é tão blindado pela “grande mídia”?

O feito extraordinário de Alckmin

Conheça a biografia de Geraldo Alckmin

Alckmin torra R$87 milhões em propaganda inútil da Sabesp

Propinoduto tucano: Incêndio criminoso destruiu papéis do Metrô em São Paulo

Luciano Martins Costa: Um escândalo embaixo do tapete

Deputado critica demora do MP para agir contra corrupção no Metrô paulista

Apesar da blindagem da “grande mídia”, o caso da corrupção no Metrô paulista

Superfaturamento de cartel do trem em São Paulo e Brasília teria chegado a R$577 milhões

Adilson Primo, o personagem central para o esclarecimento do propinoduto tucano

Siemens diz que governo de São Paulo deu aval a cartel no Metrô

Propinoduto tucano: Novas provas do esquema estão chegando da Suíça

Propinoduto tucano: O impacto das propinas nas eleições para governador em São Paulo

Ombudsman: Folha errou ao omitir PSDB no caso Siemens

Não existe corrupção sem corruptor

Vídeo: Em 2011, Alckmin foi informado sobre o propinoduto tucano. Em 2013, diz que não sabe de nada

Alstom: Os tucanos também se encheram os bolsos de propina francesa

Trensalão tucano: Serra sugeriu acordo em licitação, diz executivo da Siemens

Trensalão tucano: Portelinha fazia os cambalachos para FHC e José Serra

Trensalão tucano: Andrea Matarazzo arrecadou junto à Alstom para a campanha de FHC

Trensalão tucano: A quadrilha dos trilhos

Trensalão tucano: Alstom pagou US$20 milhões em propina no Brasil, diz justiça da Suíça

Trensalão tucano: Pivô do caso Siemens poderá explicar reeleição de FHC

Promotor diz que empresas do cartel dos trens e Metrô são organizações criminosas

Serra conseguiu fazer o que a oposição não conseguia: Destruir o PSDB paulista

Prestes a descarrilar, mídia golpista começa a abandonar o trensalão tucano

Denúncias do cartel do Metrô em São Paulo resgatam conexão Serra–Arruda

Trensalão tucano: E eles ainda dizem que não sabem de nada

Trensalão tucano: Estudante de Berkeley fura jornais brasileiros

E ele diz que não sabe de nada: Siemens e Alstom financiaram Alckmin e outros tucanos

Trensalão tucano: Entenda as denúncias contra o PSDB

Denúncias do trensalão tucano têm de acabar antes das eleições de 2014, diz cardeal do PSDB

Agora vai: Desesperados com o trensalão, PSDB pensa em lançar a chapa FHC–Aécio

Antes tarde do que mais tarde: MPF investigará trensalão tucano

“Política da propina” pagou R$3milhões, apontam inquéritos

Corrupto processa corruptor: O circo tucano

Mídia e trensalão tucano: Como servir a Deus sem trair o Diabo

As relações de Aécio com o homem da Alstom na era tucana

Por que a reeleição de FHC nunca chegou ao STF

Para a reeleição de FHC, Cacciola doou R$50 mil

A Folha noticiou a compra de votos por FHC para a reeleição, mas depois se “esqueceu”

Histórico catastrófico da era FHC

Vídeo: Entenda como e por que FHC quebrou o Brasil três vezes

Celso Lafer descalço em aeroporto exemplifica submissão de FHC aos EUA

FHC comprou o Congresso: Fita liga Sérgio Motta à compra de votos para reeleição

FHC comprou o Congresso. O STF não vai fazer nada?

FHC disse muitas vezes: “Não levem a sério o que digo.”

FHC e a reeleição comprada: Por que a Veja não consulta seus arquivos?

***